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Análise / Não alinhados

Verdadeiro foco da cúpula no Irã é a economia

Teerã procura por novas alianças para sobreviver às duras sanções americanas, com ajuda de dinheiro do petróleo

TEERÃ ABSORVERÁ OS EMBARAÇOS, QUE COMBINARÁ COM FOTOS POSADAS E UMA IMPRENSA FISCALIZADA

REZA MARASHI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Com a conclusão da 16º cúpula do Movimento dos Não Alinhados (MNA), o Irã sediou seu maior evento diplomático internacional em mais de três décadas.

As autoridades iranianas tentaram argumentar que não é a "comunidade internacional" que tem problemas com a República Islâmica, mas sim uma "coalizão voluntária" que se mantém unida apenas pela pressão dos Estados Unidos.

O governo Barack Obama essencialmente admitiu o ponto ao tentar dissuadir diversos líderes de participarem da conferência.

Mas a exibição diplomática dos iranianos foi um sucesso ou fracasso? Isso depende do critério usado para definir sucesso.

Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, fez sua primeira visita a Teerã -mas mencionou assuntos delicados aos seus interlocutores iranianos, entre os quais o programa nuclear do país, os comentários reprováveis de seus líderes quanto a Israel e seus problemas de direitos humanos.

Mohamed Mursi, que acaba de assumir como presidente do Egito, fez a primeira visita de um chefe de Estado egípcio a Teerã em mais de três décadas -mas disse com franqueza aos líderes iranianos que eles estão do lado errado nos combates da Síria.

O governo iraniano absorverá esses embaraços, combinando-os a fotos posadas e a uma cobertura fortemente fiscalizada de mídia sobre o evento e aceitará o resultado.

O verdadeiro indicador do sucesso do evento era mais financeiro que diplomático. E é provável que Teerã consiga aproveitar a cúpula para criar oportunidades econômicas internacionais que ajudarão a combater a instabilidade.

Essas oportunidades sustentarão o capitalismo de compadres e a troca de favores políticos que há muito servem de sustentáculo ao regime iraniano.

Sanções sem precedentes, lideradas pelos Estados Unidos, buscam paralisar a economia iraniana, e um dos focos da diplomacia iraniana na conferência era procurar novas maneiras de manter o país à tona, com ajuda do dinheiro do petróleo.

Política é sempre um assunto local, de fato. O atual governo iraniano é formado por sobreviventes que continuam caminhando aos trancos e barrancos; se o passado serve de indicação, eles conseguiram o suficiente para manter as coisas como estão -sem grandes sucessos mas também sem um grande colapso.

REZA MARASHI é diretor de pesquisa no Conselho Nacional Iraniano-americano, com sede em Washington, nos EUA

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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