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Por telefone, presidente pede desculpas a eleitores frustrados

DA ENVIADA A CHARLOTTE

Tony estava nervoso na manhã de ontem. Sexagenário, dirigira cinco horas desde o Estado da Geórgia na noite anterior, e às 7h50 já pegava sua surrada camionete para deixar o hotel de beira de estrada nas cercanias de Charlotte.

Queria chegar cedo à arena no centro da cidade onde Barack Obama falaria 15 horas depois.

"Mas não sei se vou poder entrar", dizia à reportagem, a voz cansada no sotaque típico dos negros do sul dos EUA, enquanto procurava o caminho.

"Estou com uma daquelas credenciais comunitárias, e ninguém sabe se elas vão mesmo valer."

Não valeriam. Os 65 mil ingressos que a campanha distribuiu pelo país a eleitores que pegaram 1 km de fila ou trocaram três dias de trabalho voluntário pela oportunidade de ouvir Obama ao vivo foram cancelados quando a convenção mudou o discurso presidencial de um estádio com 74 mil lugares para um ginásio com 20 mil. O motivo: previsão de chuva.

Para Tony, sobrariam os telões dos bares de Charlotte.

Coube ao próprio presidente explicar a situação aos admiradores desapontados.

"Não poderia arriscar submeter vocês a uma tempestade pesada e aos relâmpagos. Colocaríamos vocês em risco, gente", afirmou Obama em uma teleconferência ao vivo ontem, da qual a Folha participou, transmitida em um link especial na internet para os que puderam ser contatados pela organização.

Por dez minutos, o presidente se desculpou ("sei que vocês estão frustrados") e agradeceu.

"Estou tão orgulhoso do esforço que todos têm feito, sobretudo para registrar mais eleitores", disse.

Os três dias de convenção democrata em Charlotte marcaram um contraste agudo com o evento republicano, em Tampa, em termos de mobilização popular.

"Vai ser uma eleição muito apertada", disse Obama a Tony e outros milhares, como se falasse sozinho com cada um deles.

"O outro lado fará de tudo, e eles têm cheques polpudos. Eu tenho vocês. Nada é mais poderoso do que vozes pedindo mudança."

(LC)

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