São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2004

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EUA misturam valores civis e religiosos

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das singularidades da cultura norte-americana está no fato de religião e política se confundirem com grande freqüência.
Os atentados do 11 de Setembro fizeram com que ressurgisse "um patriotismo arcaico", segundo o qual os EUA são um país escolhido por Deus e por isso têm uma missão mundial a ser cumprida, diz Andrew Murphy. Mas isso não significa automaticamente que a religião esteja comandando as decisões do Estado.
Franklyn Niles afirma que, "se a religião está em tudo o que fazemos por aqui, é também verdade que os valores religiosos são traduzidos em valores civis". Ou seja, eles perdem a dimensão religiosa e se secularizam.
Existem na história do país poucos presidentes que procuraram sistematicamente justificar seus atos públicos por critérios extraídos do cristianismo.
Antes de George W. Bush -que, ao se eleger, agradecia a Jesus por tê-lo ajudado a se curar do alcoolismo-, foi o caso, no final dos anos 70, de Jimmy Carter, um democrata para quem há uma fundamentação bíblica nos direitos humanos.
Niles diz haver um outro precedente, bem mais antigo e com efeitos políticos mais carregados. Nos anos 1850 a 1860, pequenas congregações batistas, altamente conservadoras, sentiam-se moralmente feridas porque a legislação dos Estados do Sul permitia o trabalho escravo.
Libertar os escravos se tornou, então, uma plataforma política de primeira linha. Esses grupos se integraram ao Partido Republicano e ajudaram a eleger para a Presidência o agnóstico Abraham Lincoln. O que em seguida desencadeou a Guerra Civil, após a qual a servidão foi abolida. (JBN)


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