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EUA misturam valores civis e religiosos
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das singularidades da cultura norte-americana está no fato
de religião e política se confundirem com grande freqüência.
Os atentados do 11 de Setembro
fizeram com que ressurgisse "um
patriotismo arcaico", segundo o
qual os EUA são um país escolhido por Deus e por isso têm uma
missão mundial a ser cumprida,
diz Andrew Murphy. Mas isso
não significa automaticamente
que a religião esteja comandando
as decisões do Estado.
Franklyn Niles afirma que, "se a
religião está em tudo o que fazemos por aqui, é também verdade
que os valores religiosos são traduzidos em valores civis". Ou seja, eles perdem a dimensão religiosa e se secularizam.
Existem na história do país poucos presidentes que procuraram
sistematicamente justificar seus
atos públicos por critérios extraídos do cristianismo.
Antes de George W. Bush
-que, ao se eleger, agradecia a Jesus por tê-lo ajudado a se curar do
alcoolismo-, foi o caso, no final
dos anos 70, de Jimmy Carter, um
democrata para quem há uma
fundamentação bíblica nos direitos humanos.
Niles diz haver um outro precedente, bem mais antigo e com
efeitos políticos mais carregados.
Nos anos 1850 a 1860, pequenas
congregações batistas, altamente
conservadoras, sentiam-se moralmente feridas porque a legislação dos Estados do Sul permitia o
trabalho escravo.
Libertar os escravos se tornou,
então, uma plataforma política de
primeira linha. Esses grupos se integraram ao Partido Republicano
e ajudaram a eleger para a Presidência o agnóstico Abraham Lincoln. O que em seguida desencadeou a Guerra Civil, após a qual a
servidão foi abolida.
(JBN)
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