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CHOQUE NA FRANÇA
Dia do Trabalho em Paris será marcado por manifestações favoráveis e contrárias ao extremista
Le Pen tenta exibir força com passeata hoje
ALCINO LEITE NETO
DE PARIS
O candidato à Presidência da
França Jean-Marie Le Pen (extrema direita) e seu partido, a Frente
Nacional (FN), pretendem transformar a passeata que irão fazer
em Paris hoje, Dia do Trabalho,
numa demonstração de força
eleitoral e estão tentando afastar
do desfile os sinais de violência e
radicalismo políticos. Eles esperam reunir até 100 mil pessoas.
Os opositores de Le Pen também concentram esforços num
protesto para hoje, que deverá ser
o maior já realizado no país nos
últimos dias. Estão sendo aguardadas mais de 300 mil pessoas.
A passeata de Le Pen será pela
manhã, a partir das 9h. O protesto
antifascista será à tarde, a partir
das 15h. A polícia definiu os horários e os trajetos de modo a evitar
atritos entre os participantes.
Duas mobilizações, porém,
acontecem em horários ou locais
próximos do desfile da FN. Uma
delas homenageará um marroquino morto por neonazistas que
participavam de um desfile de Le
Pen em 1995. A outra, a partir do
meio-dia, irá reunir anarco-sindicalistas da CNT (Confederação
Nacional do Trabalho).
A temperatura política de Paris
estará bastante alta hoje. Por isso,
a polícia está montando um meticuloso "plano de batalha" para
conter eventuais conflitos de rua
entre opositores e partidários do
candidato da extrema direita, que
chegou ao segundo turno das eleições com 16,8% dos votos.
"Nada seria pior [para Le Pen"
do que um comportamento selvagem", disse o presidente Jacques
Chirac, que disputa com Le Pen as
eleições no próximo domingo e,
segundo pesquisas, tem entre
75% e 80% das intenções de voto.
Cerca de 3.000 policiais controlarão as passeatas. Foi também
ativado todo o aparato de segurança -como o sistema de vídeo
(com 350 câmeras pela cidade),
helicópteros, bombeiros e um sistema de informação online usado
apenas na final da Copa de 98.
"O conselho aos policiais é bem
claro: ser muito duro contra todo
ato de violência. Nós temos um
bom preparo e meios importantes e seremos muito vigilantes",
disse o chefe de polícia de Paris,
Jean-Paul Prost. Ele pediu aos
manifestantes que, após as passeatas, se dispersem rapidamente
a fim de "evitar a violência".
A segurança de Le Pen foi reforçada. A hipótese de atentado contra o candidato não foi descartada
pelo governo. O premiê Lionel
Jospin -socialista, derrotado por
Le Pen no primeiro turno- pediu que a polícia garanta a sua
proteção. "Eu tenho confiança na
polícia. Creio que o Ministério do
Interior tomará as disposições
que convêm", disse Le Pen.
A passeata da FN, em homenagem a Joana d'Arc, sairá da praça
do Chatêlet, perto do rio Sena, seguirá por uma das ruas paralelas
ao Palais Royal e ao Louvre até a
estátua da heroína medieval, ao
lado do jardim das Tuilleries, e
culminará na praça da Ópera, onde Le Pen fará um discurso. O trajeto, na margem direita do Sena, é
todo ele marcado por locais da
história da monarquia francesa.
Neste ano, a FN eliminou do
desfile a Joana d'Arc a cavalo e os
cavaleiros que a seguiam. Também não haverá o pódio de onde
Le Pen assistia à passeata. Segundo o partido, ele vai marchar à
frente da manifestação.
A FN está pedindo aos cortejos
que vêm do interior que confirmem se as pessoas que embarcarem nos ônibus são de fato ligadas
ao partido. Também vai pedir aos
grupos ultra-radicais que evitem
todo slogan extremista e respeitem as regras policiais. Grupos de
neofascistas e neonazistas italianos, alemães e belgas devem engrossar a passeata.
O protesto contra Le Pen começará na praça da República, passará pela praça da Bastilha e terminará na praça da Nação -todas elas tradicionais espaços de
manifestações em Paris. Praticamente todas as associações -políticas, sindicais, estudantis e artísticas- devem participar.
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