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AMÉRICA LATINA
Não houve menção a antecipar pleito; chanceler brasileiro e chefe da OEA defendem democracia mais forte no Equador
Amorim e OEA concluem visitas a Quito
DA REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após a conclusão, ontem, de
uma série de visitas no Equador, a
missão da OEA (Organização dos
Estados Americanos) e a da CSN
(Comunidade Sul-americana de
Nações) declararam ser importante e necessário o fortalecimento da democracia no país.
A afirmação foi proferida tanto
pelo chanceler Celso Amorim, representante da CSN, quanto pelo
secretário-geral interino da OEA,
o norte-americano Luigi Einaudi,
depois de uma série de diálogos
conduzidos em diferentes estamentos equatorianos.
"Viemos ao Equador para ter
uma impressão direta da situação
e principalmente para conversar
com os dirigentes políticos", disse
Amorim. "A democracia neste
país é muito frágil. A fragilidade
não é do dia 20 de abril e sim de
muitos anos", disse o chanceler.
Indagado numa conferência de
imprensa se o que havia dito significava que a CSN reconhecia o
governo de Alredo Palacio, respondeu que "o Brasil não reconhece governos, e sim Estados".
"Tivemos conversas muito importantes, densas, difíceis de resumir em poucas palavras. Aprendemos muito sobre a situação jurídica do Equador. Posso adiantar
que nossa predisposição é seguir
dialogando", resumiu Amorim.
"É possível que a OEA decida
acompanhar o Equador no processo de fortalecimento da democracia", disse Luigi Einaudi.
Alfredo Palacio, que era vice-presidente, assumiu o poder no
Equador no dia 20 de abril, quando o Congresso depôs Lucio Gutierrez da Presidência.
A diplomacia brasileira, que inicialmente chegou a cogitar a antecipação das eleições no Equador
-previstas para daqui a 20 meses-, mudou de postura.
Gutiérrez em Brasília
O presidente deposto do Equador Lucio Gutiérrez pretende fixar residência em Brasília, dar palestras ou prestar consultoria e
voltar ao seu país antes dos quatro
anos de asilo político que recebeu
na última quinta-feira do governo
brasileiro. Na véspera, antes de
assinar os papéis, no Ministério
da Justiça, frisou que fosse classificado como "cidadão equatoriano" e não como "ex-presidente".
Como forma de dar tempo para
Gutiérrez pensar sobre sua nova
vida no Brasil, o Exército disponibilizou duas suítes do Hotel de
Trânsito de Oficiais até o final de
maio. Um quarto é utilizado pelo
ex-presidente e sua mulher, Elza
Ximena, que recebeu alta anteontem de uma disfunção hormonal
e voltou ao hotel. No outro fica
Viviana, 15, filha caçula do casal
Gutiérrez quer matriculá-la em
uma escola de Brasília. Sobre isso,
pediu indicações da equipe do
Ministério da Justiça que o recebeu na quinta-feira. Na ocasião,
analisou um mapa da cidade e
gostou da localização de alguns
bairros, próximos ao lago Paranoá, onde pretende alugar casa.
Quando foi informado do prazo
de asilo, Gutiérrez animou-se.
Disse que pensava em voltar "em
paz" ao Equador antes dos quatro
anos. Gutiérrez aposta em uma
reviravolta política no país.
Ao formalizar o asilo político no
Brasil, insistiu em que não pode
ser chamado de ex-presidente
pois "questiona" o processo político que o retirou do poder.
A seu favor, há questionamentos internacionais sobre o assunto. A tróica da Comunidade Sul-Americana de Nações, formada
por Brasil, Bolívia e Peru, iniciou
anteontem uma visita ao país para observar o desenrolar dos fatos.
Gutiérrez não teve, por exemplo,
direito de defesa.
Outra possibilidade de moradia
cogitada por Gutiérrez é o Rio de
Janeiro, onde mora um primo. Ele
cultiva amigos militares na cidade, por ter estudado na Escola de
Educação Física do Exército.
Segundo relato de participantes
da reunião, o ex-presidente tirou
dúvidas sobre o que pode fazer
como asilado político. Disse que
pretende dar palestras sobre a
economia do Equador, prestar
consultorias e escrever um livro.
Ficou surpreso ao saber que receberia passaporte brasileiro e indicou que pretende viajar aos EUA.
Com Iuri Dantas, da Sucursal de Brasília, e agências internacionais
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