São Paulo, sábado, 01 de junho de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Exército entra em Nablus e Tulkarem, em busca de suspeitos por terrorismo; EUA e UE aumentam esforços diplomáticos

Israel prende 100 palestinos em ações na Cisjordânia

Associated Press
Soldado observa movimento de dentro de tanque, em Nablus


DA REDAÇÃO

Soldados israelenses prenderam ontem cerca de cem palestinos suspeitos de ligação com terroristas durante incursões de larga escala nas cidades de Nablus e Tulkarem, na Cisjordânia.
Com apoio de helicópteros, dezenas de blindados entraram em Nablus e no campo de refugiados de Balata, bastião das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa -grupo responsável por atentados recentes, como o que resultou na morte de três estudantes na colônia de Itamar (Cisjordânia ocupada).
Pelo menos oito suspeitos foram detidos, enquanto o restante, segundo militares, seriam libertados após interrogatórios.
Criticada pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, a nova ofensiva poderia prejudicar esforços diplomáticos para levar as partes conflitantes de volta à mesa de negociações. Israel "quer deixar o nosso povo de joelhos", acusou Arafat. "É como se estivessem dizendo ao mundo que não queremos chegar a acordo nenhum."
Ron Kitrey, porta-voz do Exército de Israel, disse que as prisões são parte de esforços preventivos para impedir a entrada no país de terroristas suicidas. "É muito difícil capturá-los na entrada das cidades [israelenses", ônibus e restaurantes. É mais fácil tentar pegá-los no ponto de partida."
Nem mesmo o uso de pesado poderio militar na Cisjordânia tem sido suficiente para deter os extremistas, responsáveis por seguidos ataques contra civis em Israel e contra colônias judaicas nos territórios palestinos.
Segundo fontes militares, um terrorista armado entrou ontem no assentamento de Shavei Shomron, ao norte de Nablus, e foi morto antes de conseguir agir.
Construídas em terras tomadas na guerra de 1967, as colônias judaicas são vistas internacionalmente como resultado de atividade ilegal israelense. Elas são um dos principais motivos de irritação da população palestina, que iniciou em setembro de 2000 uma Intifada (levante) contra Israel que já deixou ao menos 486 israelenses e 1.376 palestinos mortos.

Diplomacia
William Burns, subsecretário de Estado dos EUA, se encontrou ontem, em Jerusalém, com o premiê israelense, Ariel Sharon. Anteontem ele já havia conversado com Arafat, na tentativa de promover um cessar-fogo que permitiria a retomada do diálogo de paz.
Tanto Burns quanto Osama el-Baz, representante egípcio que também esteve com Sharon, tentaram convencê-lo -aparentemente sem sucesso- a voltar a negociar com Arafat.
O plano de Burns teria três ramificações: avanços políticos, resolução de questões de segurança e aceleração de reformas na ANP.
Sharon, que acusa Arafat de estar vinculado ao terrorismo, teria respondido que não haverá reformas institucionais na administração palestina enquanto ela estiver sob o comando de Arafat.
Outro item na agenda dos mediadores estrangeiros em missão no Oriente Médio -Javier Solana, responsável pela política externa da União Européia, também estava no país ontem- é convencer Israel e o mundo árabe a participar de uma conferência de paz.
Autoridades americanas, que propunham junho ou julho como os meses ideais para a realização da conferência, admitem a existência de muitos obstáculos e já falam que, se ela acontecer, não seria antes do fim do ano.

Com agências internacionais


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