São Paulo, sábado, 01 de junho de 2002

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ÁSIA

EUA e vários outros países pedem que seus cidadãos saiam da região, por temor de uma guerra entre Índia e Paquistão

Ocidentais são aconselhados a deixar a Índia

DA REDAÇÃO

Países ocidentais, temendo uma guerra entre a Índia e o Paquistão, pediram ontem a seus cidadãos que deixassem a Índia.
Americanos foram aconselhados a deixar o país pelo Departamento de Estado dos EUA -país que lidera esforços diplomáticos internacionais para acalmar as tensões entre os vizinhos, ambos os quais possuem arsenal nuclear.
"As tensões chegaram a níveis sérios, e o risco de hostilidades militares intensas entre a Índia e o Paquistão não pode ser descartado", declarou o departamento.
O chanceler do Reino Unido, Jack Straw, disse que os britânicos deveriam considerar a possibilidade de deixar a Índia e desaconselhou viagens ao país.
Straw, que visitou a região nesta semana, afirmou crer que a situação seja perigosa, mas disse que uma guerra não é inevitável.
Há cerca de 60 mil americanos e 20 mil britânicos na Índia.
Alemanha e Canadá aconselharam seus cidadãos a deixar a Índia se não tivessem assuntos urgentes a tratar no país. O Canadá também iniciou preparativos para retirar membros não essenciais de sua equipe diplomática, assim como EUA e Austrália.
EUA e Reino Unido já reduziram sua equipe diplomática no Paquistão e pediram a seus cidadãos que deixassem o país por causa de uma onda de ataques e ameaças contra ocidentais por extremistas islâmicos.
Não havia, contudo, nenhum sentimento de pânico perceptível na Índia ou no Paquistão ontem. Companhias aéreas internacionais afirmaram que a demanda por passagens para fora da Índia não sofreu nenhum aumento.
Em visita a Cingapura, o ministro da Defesa da Índia, George Fernandes, disse que a situação na fronteira com o Paquistão era estável. "Os soldados de ambos os lados estão em uma situação de ombro a ombro há seis meses, então acho que não é preciso se preocupar exatamente agora com o que vai acontecer", afirmou.
Em Nova Déli, o vice-ministro das Relações Internacionais japonês, Seiken Sugiura, pediu a paz, apresentando-se como representante do "único país a ter sofrido a explosão da bomba atômica".
Após se reunir com líderes indianos, incluindo o chanceler Jaswant Singh, ele disse que via uma "forte possibilidade" de guerra se Islamabad não cumprisse a exigência de Nova Déli de impedir que separatistas entrem na parte da Caxemira indiana.
Sugiura dissera em Islamabad anteontem que o Paquistão lhe havia assegurado que intensificaria esforços nessa direção.
A Índia acusa o Paquistão de incitar e armar separatistas na parte da Caxemira controlada pela Índia. O Paquistão nega e diz que dá apenas apoio moral à sua "luta legítima pela autodeterminação".
A Índia e o Paquistão mobilizaram cerca de 1 milhão de militares à sua fronteira desde dezembro, quando um ataque ao Parlamento indiano, pelo qual Nova Déli culpou separatistas baseados no Paquistão, levou os adversários à beira de uma quarta guerra.
A tensão aumentou após um ataque a um acampamento militar indiano na Caxemira no dia 14, que matou 30 pessoas e pelo qual a Índia também culpou separatistas baseados no Paquistão.
O presidente dos EUA, George W. Bush, vai enviar seu secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, e o subsecretário de Estado Richard Armitage à Ásia na próxima semana em uma missão de paz.
Bush disse anteontem que Musharraf deveria cumprir sua promessa de reprimir incursões.
O apelo foi repetido ontem por chanceleres do G-8 (sete países mais industrializados do mundo mais a Rússia) reunidos em Ottawa, que pediram ao Paquistão que impedisse as atividades de "grupos terroristas" operando a partir de territórios que controla. "[Estamos" seriamente preocupados com os riscos inerentes à crise atual entre Índia e Paquistão".
A Índia controla cerca de 45% da Caxemira; o Paquistão, cerca de 33%; e a China, o restante.


Com agências internacionais


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