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La Paz assiste final antes de votar
DO ENVIADO ESPECIAL
Durante o jogo do Brasil, La Paz
parecia estar sob toque de recolher, totalmente vazia. Ao final da
partida, fogos de artifício indicaram com clareza qual era a preferência dos bolivianos, torcedores
da seleção campeã do mundo ontem no Japão.
"Assistimos ao jogo antes de vir
votar. Estamos felizes com a vitória do Brasil", disse a dona-de-casa Maria Obregón, mostrando o
dedo sujo de tinta-o meio utilizado pela junta eleitoral para
mostrar que o eleitor já votou.
Mesmo após o jogo, La Paz continuava vazia, pois, além da lei seca, vigora em todo o país a proibição do tráfego. Carros particulares, ônibus e taxis não puderam
circular, exceção feita a veículos
com permissão especial.
As fronteiras bolivianas ficaram
fechadas também. Apenas vôos
internacionais e alguns ônibus
puderam furar esse "bloqueio".
Antes de caminhar para os locais de votação, muitos dos pacenhos foram às igrejas, que ficaram
lotadas. O catolicismo é a religião
de mais de 95% dos bolivianos e a
Igreja Católica é a instituição de
maior prestígio do país.
Manfred Reyes, inclusive, foi à
TV na semana passada para afirmar que é católico. Os adversários
de Reyes dizem que ele tem ligações muito íntimas com a seita do
reverendo Moon, a qual teria contribuído para sua campanha presidencial. Algumas casas de La
Paz mostram "Moonfred" pichados em seus muros.
Reyes afirmou à Folha que isso
faria parte da "guerra suja" movida contra ele pelos adversários.
OEA
A canadense Elizabeth Spehar,
chefe da missão observadora da
OEA (Organização dos Estados
Americanos), disse que a Bolívia
"avançou muitíssimo no que se
refere à democracia". A coordenadora da Unidade de Promoção
da Democracia da OEA está à
frente de uma equipe de 17 pessoas.
A missão acompanhou o transcurso do pleito em quatro cidades: La Paz, Sucre, Cochabamba e
Santa Cruz de la Sierra.
Questionada sobre o aparente
desprestígio da classe política na
Bolívia, Spehar afirmou que isso
era "um fenômeno preocupante,
mas infelizmente não exclusivo
da Bolívia". Em 12 anos, a OEA
observou mais de 70 eleições.
Já a Anistia Internacional aproveitou a época eleitoral para pedir
aos candidatos a presidente que
implementem políticas mais eficazes de direitos humanos. "Persistem na Bolívia denúncias de
torturas e maus-tratos a pessoas
detidas pelas forças de segurança", disse a Anistia.
A entidade criticou o uso de tribunais militares para julgar violações aos direitos humanos cometidas pelas Forças Armadas e pediu o repúdio a uma proposta de
adoção da pena capital. "O mundo se afasta cada vez mais da irreversível crueldade que é a pena de
morte. Seria grave a Bolívia ir
contra essa tendência."
(RU)
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