São Paulo, segunda-feira, 01 de julho de 2002

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La Paz assiste final antes de votar

DO ENVIADO ESPECIAL

Durante o jogo do Brasil, La Paz parecia estar sob toque de recolher, totalmente vazia. Ao final da partida, fogos de artifício indicaram com clareza qual era a preferência dos bolivianos, torcedores da seleção campeã do mundo ontem no Japão.
"Assistimos ao jogo antes de vir votar. Estamos felizes com a vitória do Brasil", disse a dona-de-casa Maria Obregón, mostrando o dedo sujo de tinta-o meio utilizado pela junta eleitoral para mostrar que o eleitor já votou.
Mesmo após o jogo, La Paz continuava vazia, pois, além da lei seca, vigora em todo o país a proibição do tráfego. Carros particulares, ônibus e taxis não puderam circular, exceção feita a veículos com permissão especial.
As fronteiras bolivianas ficaram fechadas também. Apenas vôos internacionais e alguns ônibus puderam furar esse "bloqueio".
Antes de caminhar para os locais de votação, muitos dos pacenhos foram às igrejas, que ficaram lotadas. O catolicismo é a religião de mais de 95% dos bolivianos e a Igreja Católica é a instituição de maior prestígio do país.
Manfred Reyes, inclusive, foi à TV na semana passada para afirmar que é católico. Os adversários de Reyes dizem que ele tem ligações muito íntimas com a seita do reverendo Moon, a qual teria contribuído para sua campanha presidencial. Algumas casas de La Paz mostram "Moonfred" pichados em seus muros.
Reyes afirmou à Folha que isso faria parte da "guerra suja" movida contra ele pelos adversários.

OEA
A canadense Elizabeth Spehar, chefe da missão observadora da OEA (Organização dos Estados Americanos), disse que a Bolívia "avançou muitíssimo no que se refere à democracia". A coordenadora da Unidade de Promoção da Democracia da OEA está à frente de uma equipe de 17 pessoas.
A missão acompanhou o transcurso do pleito em quatro cidades: La Paz, Sucre, Cochabamba e Santa Cruz de la Sierra.
Questionada sobre o aparente desprestígio da classe política na Bolívia, Spehar afirmou que isso era "um fenômeno preocupante, mas infelizmente não exclusivo da Bolívia". Em 12 anos, a OEA observou mais de 70 eleições.
Já a Anistia Internacional aproveitou a época eleitoral para pedir aos candidatos a presidente que implementem políticas mais eficazes de direitos humanos. "Persistem na Bolívia denúncias de torturas e maus-tratos a pessoas detidas pelas forças de segurança", disse a Anistia.
A entidade criticou o uso de tribunais militares para julgar violações aos direitos humanos cometidas pelas Forças Armadas e pediu o repúdio a uma proposta de adoção da pena capital. "O mundo se afasta cada vez mais da irreversível crueldade que é a pena de morte. Seria grave a Bolívia ir contra essa tendência." (RU)


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