São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Segundo estudo, 1 em cada 8 soldados americanos que lutaram na guerra tem estresse pós-traumático

Estresse pós-Iraque atormenta soldados

DA REDAÇÃO

Um em cada oito soldados americanos que lutaram no Iraque apresentam sintomas de estresse pós-traumático, segundo revela o primeiro estudo feito pelo Exército dos EUA sobre a saúde mental dos combatentes.
Porém, por medo de ficarem estigmatizados ou terem sua carreira prejudicada, menos da metade daqueles que possuem o distúrbio procuraram ajuda, aponta ainda a pesquisa. Entre 38% e 40% dos que têm os sintomas estavam interessados em obter ajuda especializada, e entre 23% e 40% reportaram ter buscado auxílio.
Esse é o fator mais preocupante. "O mais importante é ajudá-los a entender que quanto mais cedo eles buscarem ajuda, melhor será", disse Charles W. Hoge, pesquisador do Instituto de Pesquisa do Exército Walter Reed.
O estudo, publicado no "New England Journal of Medicine", foi conduzido três ou quatro meses depois que os soldados do Exército americano ou marines voltaram das missões no Iraque e no Afeganistão.
A maioria dos estudos passados sobre saúde mental no pós-guerra foi realizada anos depois do fim dos conflitos, prejudicando possíveis comparações com os resultados obtidos após a Guerra do Vietnã (1965-1975) ou a Guerra do Golfo (1991), explicou Hoge.
O transtorno de estresse pós-traumático pode ser desenvolvido após testemunhar ou vivenciar um evento traumático. Entre os sintomas estão flashback, pesadelos, irritabilidade, problemas de concentração e insônia.
Para Matthew J. Friedman, diretor-executivo do Centro Nacional de Estresse Pós-Traumático do Departamento de Veteranos, é importante ter em mãos os resultados do estudo enquanto ainda existem soldados no Iraque e no Afeganistão. No entanto, Friedman acredita que as estimativas são conservadoras e que talvez ainda seja muito cedo para determinar a extensão dos problemas mentais dos combatentes.
"Eu não sou alarmista, mas eu acho que é um problema muito sério. E talvez seja pior devido à natureza da guerra", declarou, citando a mudança da missão de "libertação" para "ocupação".
Os 6.201 combatentes que preencheram questionários anônimos, pertenciam a quatro grupos: brigadas do Exército antes de embarcarem para o Iraque, depois de seis meses no Afeganistão e depois de oito meses no Iraque e marines após seis meses no Iraque. Apenas soldados que participaram ativamente dos combates foram entrevistados.
Sintomas de depressão, distúrbio de ansiedade e estresse pós-traumático foram relatados por cerca de 17% daqueles que serviram no Iraque, 11% dos que estavam no Afeganistão e 9% do grupo entrevistado antes de partir para a guerra.
As diferenças são ainda maiores se comparado apenas o estresse pós-traumático. Dos combatentes no Iraque, aproximadamente 12% apresentaram o distúrbio, enquanto dos que serviram no Afeganistão, 6% -os soldados no Iraque vivenciaram mais conflitos, incluindo troca de tiros e ataques, do que os no Afeganistão. Entre os entrevistados antes da guerra, 5% relataram os sintomas, mesmo índice encontrado na população dos EUA.
Nas guerras do Vietnã e do Golfo, o índice ficou em 15% e entre 2% e 10%, respectivamente.


Com agências internacionais

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