São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2004

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ÁFRICA

EUA vão propor resolução à ONU

No Sudão, Powell e Annan cobram ação

DA REDAÇÃO

A pressão internacional sobre o governo do Sudão aumentou ontem com novas declarações do secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, e do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, durante visita de ambos ao país africano. Ao mesmo tempo, os EUA prepararam uma resolução, a ser examinada pelo Conselho de Segurança na semana que vem, sobre a crise humanitária na região de Darfur.
Powell apresentou ao governo sudanês um cronograma para o desarmamento das milícias árabes que estão destruindo vilas e matando os habitantes de raça negra. "Estamos falando [de um prazo] de dias e semanas", disse.
Organizações humanitárias acusam o governo do país de armar as milícias. Na base do conflito está uma disputa entre tribos árabes e negras pelas poucas terras produtivas e por fontes de água. Estima-se que mais de 30 mil negros tenham sido mortos e que haja 1,2 milhão de refugiados.
Powell ficou por 20 minutos no campo de Abou Shouk, na periferia de El Fasher, a capital de Darfur do Norte. A região não era visitada por um secretário de Estado americano havia 26 anos.
Annan levantou a possibilidade do envio de tropas internacionais se o governo não controlar os problemas. "Acho que todos temos uma responsabilidade de agir com urgência para lidar com a situação em Darfur", afirmou a membros do gabinete sudanês.
Tanto os EUA como a ONU estão sob pressão da comunidade internacional para que ajam com mais rapidez, de forma a impedir a repetição da tragédia acontecida há dez anos em Ruanda, quando soldados e milicianos da maioria hutu mataram mais de 500 mil integrantes da minoria tutsi.
Apesar da gravidade da situação, Powell se negou a fazer comparações com Ruanda e não quis usar a palavra "genocídio". "Há indicadores, mas certamente não todos os indicadores de uma definição legal de genocídio. É a opinião dos meus juristas", afirmou.
O chanceler Mustafa Osman Ismail disse que o país irá cooperar com os EUA e a ONU: "Vamos combater quaisquer milícias, para garantir a proteção de civis". Os americanos dizem que o governo já fez promessas semelhantes no passado e as descumpriu.
O texto da resolução a ser proposta pelos EUA determina um embargo de armas e equipamentos militares às milícias e uma proibição para deslocamentos de seus integrantes. Se aprovada a resolução, no prazo de 30 dias o Conselho de Segurança determinará se sanções devem ser impostas "contra quaisquer indivíduos ou grupos responsáveis por atrocidades em Darfur".
A situação dos refugiados vai se agravar no fim deste mês, com o início das chuvas, que impedirão o envio de ajuda. O governo dos EUA calcula que de 300 mil a 1 milhão de sudaneses podem morrer por falta de comida ou doenças.


Com agências internacionais


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