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ÁFRICA
EUA vão propor resolução à ONU
No Sudão, Powell e Annan cobram ação
DA REDAÇÃO
A pressão internacional sobre o
governo do Sudão aumentou ontem com novas declarações do secretário de Estado dos EUA, Colin
Powell, e do secretário-geral da
ONU, Kofi Annan, durante visita
de ambos ao país africano. Ao
mesmo tempo, os EUA prepararam uma resolução, a ser examinada pelo Conselho de Segurança
na semana que vem, sobre a crise
humanitária na região de Darfur.
Powell apresentou ao governo
sudanês um cronograma para o
desarmamento das milícias árabes que estão destruindo vilas e
matando os habitantes de raça
negra. "Estamos falando [de um
prazo] de dias e semanas", disse.
Organizações humanitárias
acusam o governo do país de armar as milícias. Na base do conflito está uma disputa entre tribos
árabes e negras pelas poucas terras produtivas e por fontes de
água. Estima-se que mais de 30
mil negros tenham sido mortos e
que haja 1,2 milhão de refugiados.
Powell ficou por 20 minutos no
campo de Abou Shouk, na periferia de El Fasher, a capital de Darfur do Norte. A região não era visitada por um secretário de Estado americano havia 26 anos.
Annan levantou a possibilidade
do envio de tropas internacionais
se o governo não controlar os
problemas. "Acho que todos temos uma responsabilidade de
agir com urgência para lidar com
a situação em Darfur", afirmou a
membros do gabinete sudanês.
Tanto os EUA como a ONU estão sob pressão da comunidade
internacional para que ajam com
mais rapidez, de forma a impedir
a repetição da tragédia acontecida
há dez anos em Ruanda, quando
soldados e milicianos da maioria
hutu mataram mais de 500 mil integrantes da minoria tutsi.
Apesar da gravidade da situação, Powell se negou a fazer comparações com Ruanda e não quis
usar a palavra "genocídio". "Há
indicadores, mas certamente não
todos os indicadores de uma definição legal de genocídio. É a opinião dos meus juristas", afirmou.
O chanceler Mustafa Osman Ismail disse que o país irá cooperar
com os EUA e a ONU: "Vamos
combater quaisquer milícias, para garantir a proteção de civis".
Os americanos dizem que o governo já fez promessas semelhantes no passado e as descumpriu.
O texto da resolução a ser proposta pelos EUA determina um
embargo de armas e equipamentos militares às milícias e uma
proibição para deslocamentos de
seus integrantes. Se aprovada a
resolução, no prazo de 30 dias o
Conselho de Segurança determinará se sanções devem ser impostas "contra quaisquer indivíduos
ou grupos responsáveis por atrocidades em Darfur".
A situação dos refugiados vai se
agravar no fim deste mês, com o
início das chuvas, que impedirão
o envio de ajuda. O governo dos
EUA calcula que de 300 mil a 1 milhão de sudaneses podem morrer
por falta de comida ou doenças.
Com agências internacionais
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