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ORIENTE MÉDIO
Tribunal diz que obra trouxe sofrimento aos palestinos e ordena compensações; governo teme mais ações
Supremo de Israel veta trecho de barreira
DA REDAÇÃO
Tomando o partido dos palestinos, a Suprema Corte israelense
ordenou ontem que o governo
mude de lugar uma parte-chave
da barreira de separação entre
Cisjordânia e Israel porque traz
demasiado sofrimento a palestinos. Ela reconheceu que Israel
tem motivos para construir a cerca, mas que "tem o dever legal de
equilibrar as considerações de segurança e humanitárias".
A sentença, que deve criar um
precedente e é a primeira decisão
judicial importante sobre o tema,
rompeu uma das bases do plano
do premiê israelense, Ariel Sharon, de separação entre Israel e
palestinos até 2005 -a outra é a
retirada de Gaza.
"A barreira estava sufocando
nossas vidas. É por isso que a decisão é tão importante", disse Mohammed Abu Eid, 54, pai de dez
filhos, cujas plantações foram
destruídas. O vice-ministro israelense da Defesa, Zeev Boim, disse
que a decisão vai atrasar a conclusão das obras da barreira, que, para Israel, é crucial para impedir a
entrada de terroristas no país:
"Agora haverá recursos à Justiça
sobre cada metro da barreira".
A corte decretou a mudança
obrigatória de rota. Várias autoridades criticaram a decisão, dizendo que representa uma ameaça à
segurança, mas o Ministério da
Defesa, que supervisiona a construção, disse que vai respeitá-la.
A corte obrigou o governo a devolver terras apreendidas e a
compensar os palestinos pelas
perdas financeiras. A decisão judicial diz respeito a um trecho de
40 km perto de Jerusalém que teria separado cerca de 35 mil palestinos de suas plantações. Com isso, torna-se provável que sejam
tomadas decisões semelhantes
com relação a outros trechos do
complexo de 680 km de extensão
de cercas, muralhas de concreto,
trincheiras e barreiras de arame
cortante. Um quarto da barreira
já foi concluído.
"Não vamos parar por aqui",
disse Mohammed Dahla, advogado do lado palestino. "Vamos levar adiante a luta legal."
A corte não decidiu contra a
barreira em si, mas contra o seu
percurso, que "prejudica os habitantes locais de maneira severa".
A decisão foi anunciada uma semana antes de a Corte Internacional de Justiça de Haia, na Holanda, anunciar sua própria decisão
sobre a barreira, qualificada por
palestinos como uma tentativa de
ampliar as fronteiras de Israel.
Autoridades israelenses afirmam que a barreira é fundamental na redução da freqüência dos
atentados suicidas em Israel. Não
ocorrem ataques desse tipo no
país há três meses e meio. É o mais
longo intervalo desde o início da
Intifada, em setembro de 2000. Israel diz que suas operações antiterror e a barreira são responsáveis por isso.
O advogado palestino Dahla
disse que uma barreira que fosse
erguida ao longo da fronteira israelense anterior à guerra de 1967,
quando Israel tomo Gaza e a Cisjordânia, teria o mesmo efeito de
manter os homens-bomba fora
de Israel, sem usurpar terras.
Com agências internacionais
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