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IRÃ
Cinco ex-reféns dizem que presidente eleito participou de tomada da Embaixada dos EUA em Teerã em 1979; seqüestradores negam
Reféns acusam Ahmadinejad de seqüestro
DA REDAÇÃO
Cinco americanos feitos reféns
durante a tomada da Embaixada
dos EUA em Teerã, em 1979, disseram ter reconhecido no presidente eleito do Irã, Mahmoud
Ahmadinejad, um de seus seqüestradores. Segundo um deles, Ahmadinejad, que pertencia ao movimento radical que planejou e
executou o seqüestro, parecia ser
o chefe de segurança do grupo.
Entretanto dois seqüestradores
entrevistados pela agência de notícias Associated Press, amigos e
conhecidos do presidente eleito
disseram que Ahmadinejad, 49,
não teve papel nas ações.
"Ele não era um de nós", disse
Abbas Abdi, líder dos seqüestradores. "Ele não teve papel na tomada da embaixada, muito menos em cuidar da segurança dos
estudantes", afirmou Abdi, um
proeminente defensor de reformas no país e opositor do ultraconservador Ahmadinejad.
É possível, porém, que o presidente eleito fosse um dos vários
estudantes que, embora não tivessem participado da captura dos
reféns, tenham entrado na embaixada durante os 444 dias em que
ela esteve tomada. Na época, segundo sua biografia oficial, ele estudava na Universidade de Ciência e Tecnologia de Teerã e era
membro do Escritório pelo Fortalecimento da União, o grupo estudantil radical responsável pelo seqüestro.
O presidente dos EUA, George
W. Bush, disse que queria "respostas" sobre a eventual participação de Ahmadinejad na ação.
"Eu não tenho informação a respeito", disse Bush a jornalistas.
"Mas é óbvio que seu envolvimento gera muitas perguntas."
Já o Departamento de Estado
afirmou, por meio do porta-voz
Sean McCormack, que o Irã tem
"obrigação de esclarecer as dúvidas levantadas". "Estamos tentando estabelecer os fatos em torno da questão. Não esquecemos
que 51 de nossos diplomatas foram detidos por 444 dias", disse.
"Esse é o cara"
Durante a campanha presidencial, que culminou com a surpreendente vitória de Ahmadinejad sobre o conservador moderado Hashemi Rafsanjani, há uma
semana, já era sabido que o político linha-dura, atual prefeito de
Teerã, havia participado de reuniões de planejamento do seqüestro. Mas relatos descrevendo-o
como um dos captores só emergiram na noite de anteontem, com a
divulgação de fotos da época e relatos de ex-reféns.
"Assim que vi o rosto dele, lembrei. Ele estava lá. Estava nos bastidores, como um conselheiro",
disse Don Sharer, que na época
trabalhava como adido naval da
embaixada, à rede de TV CNN.
"Esse é o cara, não há dúvida",
afirmou o coronel da reserva
Chuck Scott, ex-refém, à agência
Associated Press. Os dois e outros
três ex-reféns trocaram e-mails a
respeito da identidade de Ahmadinejad após acompanharem a
cobertura das eleições iranianas.
Nem todos, no entanto, concordam. Outro coronel da reserva e
ex-refém, Thomas Schaefer, disse
que não reconheceu nem no rosto
nem no nome de Ahmadinejad
um de seus captores.
Mohammad Ali Sayed Nejad,
amigo de longa data do presidente eleito, disse que, em 1979, "Ahmadinejad focava sua luta no
combate ao comunismo e ao
marxismo e era um dos que constantemente se opunham à tomada da embaixada". Um assessor
do político, Meisan Rowhani, disse que, ao ser indagado em um recente encontro em Teerã sobre
seu papel na ação de 1979, Ahmadinejad negou participação e respondeu que "o mundo os engoliria" se o plano seguisse adiante.
Outro ex-refém, Alan Golacinski, disse não ter certeza sobre a
identidade do líder iraniano.
"Não posso identificar esse indivíduo porque eu estava vendado
durante todos os interrogatórios", afirmou.
Em 4 de novembro de 1979, estudantes radicais tomaram a Embaixada dos EUA em Teerã e fizeram 52 americanos reféns por 444
dias em protesto contra a recusa
de Washington em entregar, para
julgamento no Irã, o xá Reza Pahlevi, que fugira para os EUA
após a Revolução Islâmica.
Colaborou Iuri Dantas, de Washington
Com agências internacionais
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