São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2010

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Merkel sofre para eleger presidente

Mesmo com maioria no Parlamento, coalizão governista precisou de três votações para passar seu candidato

Dificuldade demonstra que o nome de Christian Wulff, presidente mais jovem do país, provoca mais rachas que união


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O que seria mera formalidade se transformou ontem em pesadelo para a chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, e sua coalizão. Foram necessárias três votações no Parlamento para que o candidato governista à Presidência do país, Christian Wulff, fosse eleito.
Tudo isso apesar de a coalizão governista contar, desde o princípio, com uma superioridade matemática de 21 votos sobre a oposição.
Na Alemanha, o cargo de presidente é meramente cerimonial, sem caráter político.
No primeiro escrutínio, Wulff obteve 600 dos 1.242 votos possíveis; depois, 615 de 1.239; e, só no terceiro, 625 de 1.242, chegando à maioria.
Os números mostram que o novo presidente alemão, o mais jovem do país, está longe de unir legendas, e que a crise iniciada nas eleições legislativas de 2009 continua.
"Foi mais emocionante do que qualquer um poderia esperar. Parece que muitas pessoas querem mandar um recado a Merkel", disse Frank-Walter Steinmeier, líder do opositor SPD (Partido Social-Democrata) na Casa.
"Foi um grande tapa na cara. Eu não esperava que tantos votassem contra ela [a chanceler]", afirmou o cientista político Gerd Langguth, da Universidade de Bonn.

"RACHA"
Os líderes dos três partidos da coalizão -Merkel, da CDU (União Democrata-Cristã), o vice-chanceler e ministro do Exterior, Guido Westerwelle, do FDP (Partido Liberal Democrata), e o presidente da Baviera, Horst Seehofer, da CSU (União Social Cristã)- tiveram que engolir seco a divergência dos partidários.
Respectivamente, 44, 29 e 19 integrantes da coalizão rejeitaram apoio ao seu próprio candidato nas votações. Antes da terceira rodada, Merkel chegou a reunir todos e fazer um chamado à unidade, além de um alerta para eventuais danos à coalizão, formada há nove meses.
Merkel lançou Wulff há um mês como solução para uma inesperada renúncia de Horst Köhler e para a alta rejeição interna contra o primeiro nome aventado, o da ministra do Trabalho, Ursula von der Leyen.

A ESQUERDA
Um dos fatores que colaboraram para a escolha de Wulff foi a retirada dos candidatos do partido A Esquerda e do neonazista NPD (Partido Nacional-Democrata).
Ontem, a oposição lamentou que os esquerdistas, herdeiros políticos do comunismo, tenham se recusado a apoiar Joachim Gauck, que terminou em segundo lugar. Gauck foi líder civil e combateu o regime comunista da Alemanha Oriental.


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