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ANÁLISE
Bagdá quer desgastar missão
SÉRGIO MALBERGIER
da Redação
O governo dos EUA foi enfático ontem ao diminuir a importância do ataque militar no
sul do Iraque. O que pode dar
uma indicação das motivações
por trás do incidente.
Ele ocorre num momento em
que Washington está concentrando sua atuação em outras
regiões do planeta. O presidente Bill Clinton visita a China, e
a Otan (aliança militar ocidental liderada pelos EUA) traça
planos para uma possível intervenção na Iugoslávia.
No jogo de gato e rato entre o
Iraque e os EUA, o ditador
Saddam Hussein pode ter calculado o momento certo para
cutucar Washington ligando
radares no sul do país.
Saddam se aproveita também
das divisões crescentes entre os
membros permanentes do
Conselho de Segurança da
ONU -EUA, Reino Unido,
França, China e Rússia.
Os três últimos são cada vez
mais favoráveis à idéia de suspender o embargo total imposto pelo Conselho em 1990, após
a invasão do Kuait pelo Iraque.
Têm já contratos de gaveta
bilionários para explorar o
mercado iraquiano, uma mina
de ouro após quase uma década de total isolamento.
Saddam cria sistematicamente crises com os inspetores
da ONU que visitam o país para eliminar o arsenal iraquiano
de destruição em massa
-condição necessária para a
suspensão do embargo.
Quer desgastar uma missão
que já se arrasta por oito anos e
é quase impossível de ser realizada. O belicoso ditador iraquiano não tem a menor intenção de se livrar de todas as suas
armas e tem o país inteiro para
escondê-las.
No mês passado, os inspetores da ONU descobriram ogivas de mísseis com sinais de
que foram carregadas com gás
que ataca o sistema nervoso
antes da Guerra do Golfo (91).
Isso pouco depois de o chefe
dos inspetores, Richard Butler,
ter aventado a hipótese de uma
rápida suspensão do embargo.
O drama parece não ter fim,
para desespero dos miseráveis
iraquianos pegos no fogo cruzado entre Saddam e seus poderosos inimigos.
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