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ANÁLISE
Nova política ameaça o Japão
JAIME SPITZCOVSKY
Editor de Exterior e Ciência
Bill Clinton, na primeira visita de um presidente americano
à China desde a repressão ao
movimento pró-democracia
da praça Tiananmen em 89,
entra em sua segunda fase.
Na primeira, iniciada quinta-feira, Clinton evidenciava
sua preocupação com o eleitorado norte-americano. Priorizou o discurso sobre os chamados valores norte-americanos,
como os direitos humanos.
Agora, Clinton passa a se
preocupar com o anfitrião. E
começa a entoar a música que
Jiang Zemin deseja ouvir.
Clinton evitava declarações
inequívocas sobre Taiwan para
preservar seus laços com a
"ilha rebelde". Quando governador de Arkansas, chegou
a visitar a capital Taipé.
Em nome da atual política de
engajamento com a China,
Clinton resolveu colocar sua
retórica em total sintonia com
a diplomacia americana. Foi
um afago a Jiang Zemin.
A declaração sobre Taiwan e
o elogia à "estabilidade chinesa" indicam uma possível
reorientação da política asiática de Washington. Os EUA sugerem que poderiam trocar o
Japão pela China, já no próximo século, como seu principal
aliado no continente.
A Casa Branca usa esse cenário para pressionar o Japão.
Quer que Tóquio promova as
reformas necessárias para evitar um colapso da economia
japonesa que provoque reverberações pelo planeta.
Ainda em 96, Clinton classificou o Japão de "principal
alicerce da segurança asiática".
Hoje, critica a condução da
economia japonesa e elogia o
"sangue frio" da China.
O governo comunista resiste
a desvalorizar sua moeda, o
yuan, apesar da onda de depreciações que atinge os países da
região desde o ano passado.
Pequim, em nome da manutenção da estabilidade, vê seus
produtos perder competitividade no mercado externo.
A China terá, neste ano, a
menor taxa de crescimento
econômico desde 1990. Deverá
ficar abaixo de 7%, longe dos
8,8% do ano passado.
Pequim cobra um ressarcimento, que já vem com as declarações de Clinton. E se o Japão não cooperar, Washington
pode até aumentar a compensação esperada pela China.
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