São Paulo, sábado, 01 de setembro de 2007

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Benazir reavalia acordo com ditador paquistanês

Após o recuo de Musharraf, ex-premiê reúne-se com seu partido em Londres

Porta-voz do partido de Benazir, o PPP, diz que governo precisa decidir logo se concorda ou não com "transição democrática"

DA REDAÇÃO

A ex-premiê Benazir Bhutto reúne-se hoje em com líderes do seu PPP (Partido do Povo Paquistanês) em Londres, onde vive exilada. No encontro, iniciado ontem, o partido discute que posição adotar quanto ao acordo com o ditador Pervez Musharraf, que pode pôr fim ao regime militar no Paquistão.
Há pelo menos três meses, uma possível aliança entre o PPP e Musharraf vem sendo discutida em reuniões "nem-tão-secretas". Porém, os principais pontos do "consenso de 95%", anunciado na quarta por Benazir e pelo ministro Rashid Ahmed, articulador político do general, foram negados por Musharraf, após críticas da base aliada.
"Gostaríamos de saber com firmeza se o governo concorda ou não com nossa proposta de transição democrática", cobrou ontem o porta-voz do PPP, Farhatullah Babar. Ele insinuou que o partido não esperará muito mais por uma resposta do general antes de considerar a tentativa de acordo definitivamente fracassada.
Em troca de apoio às pretensões políticas de Musharraf, que pretende concorrer a mais um mandato de cinco anos, Benazir quer o arquivamento das acusações de corrupção contra ela e seu governo e a retirada do dispositivo constitucional que proíbe a eleição de ex-premiês. O general teria que deixar o comando das Forças Armadas, conforme previsto pela legislação do país, e abrir mão do dispositivo que criou autorizando o presidente a dissolver governo e Parlamento.
Musharraf, que governou em relativa tranqüilidade por anos após o golpe de 1999, sofreu importantes derrotas políticas em 2007. Um acordo com o laico PPP é visto como uma possibilidade de sobrevida política ao general e abertamente apoiado pelos EUA. A aliança sofre, porém, rejeição intensa da principal legenda aliada do ditador, o PLM-Q (Partido da Liga Muçulmana Quaid-e-Azam), que tem maioria no Parlamento.
O general, cujo mandato expira neste ano, encontra-se em meio a acirrada disputa política com os dois ex-primeiros-ministros exilados: Nawaz Sharif, que controla um partido oriundo da Liga Muçulmana (PLM-N), e Benazir Bhutto, líder do PPP. Ele afirmou que convocará eleições entre 15 de setembro e 15 de outubro, dentro do prazo legal. As regras do pleito, porém, continuam indefinidas.


Com agências internacionais

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