São Paulo, terça-feira, 01 de outubro de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Bush é obrigado a assinar lei do Congresso que cita a cidade como capital israelense; analistas prevêem reação árabe

Lei nos EUA vincula Jerusalém a Israel

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, assinou uma lei que faz o país "reconhecer" Jerusalém como a capital de Israel, pelo menos em documentos e procedimentos diplomáticos relativos ao país. A medida deve causar duros protestos dos países árabes.
O reconhecimento é um dos itens de uma legislação, aprovada pelo Congresso, que libera verba para o Departamento de Estado.
Bush poderia tê-la vetado, mas as partes referentes a Jerusalém não puderam ser desvinculadas do todo. Como o Departamento de Estado precisa do dinheiro, Bush sancionou o texto.
Mas o porta-voz do Departamento de Estado, Richard Boucher, disse que, apesar da aprovação da lei, os EUA mantém a posição de que o status de Jerusalém deve ser decidido em um acordo entre israelenses e palestinos.
Atualmente, os EUA, assim como os demais países, mantêm a sua embaixada em Tel Aviv. Em Jerusalém, há um consulado americano que serve para tratar mais especificamente de assuntos ligados aos palestinos.
A partir de agora, o consulado deverá obrigatoriamente estar subordinado à embaixada, de acordo com o que prevê a lei. Antes isso não acontecia. O objetivo do Congresso é que a embaixada seja transladada de Tel Aviv para Jerusalém. Se isso acontecer, os EUA estariam oficialmente reconhecendo Jerusalém como capital de Israel.
Essa é uma das novidades da lei em relação a outras anteriores, aplicadas em outros mandatos, que também buscavam forçar os presidentes americanos a reconhecer Jerusalém como capital.
A segunda novidade é que todos os documentos americanos nos quais constar Israel deverão mencionar Jerusalém como capital.
Por último, cidadãos americanos que nasceram em Jerusalém poderão colocar em seus documentos que são naturais de Israel.
A decisão de Bush deve desagradar aos países árabes, em um momento em que os EUA buscam apoio em uma possível ofensiva contra o Iraque.
Os árabes consideram Jerusalém Oriental a capital de um futuro Estado palestino. Já o governo de Israel considera Jerusalém a capital indivisível do país.
A parte oriental da cidade foi ocupada por Israel na guerra de 1967 junto com a Cisjordânia e a faixa de Gaza. A maior parte da população da área é composta por árabes.
Além disso, Jerusalém é considerada uma das cidades mais sagradas para o islamismo, religião majoritária entre os árabes, e do cristianismo, a segunda religião com mais membros na comunidade árabe.
O Instituto Árabe-Americano enviou mensagem a Bush ontem pedindo que ele vetasse a lei, pois ela deve aumentar ainda mais a tensão no Oriente Médio.
"Em um momento em que o senhor [Bush" está construindo uma coalizão para apoiá-lo em seus objetivos no Oriente Médio, o Congresso não deveria minar os seus esforços", escreveu George Salam, um dos dirigentes da entidade árabe nos EUA, para o presidente americano.
"Essa lei poderá inflamar e aumentar os sentimentos contrários aos EUA nos países árabes", afirmou o presidente do Instituto Árabe-Americano, James Zogby.
Os países árabes e a Autoridade Nacional Palestina não se manifestaram sobre a aprovação da lei.


Com agências internacionais


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