São Paulo, sexta-feira, 01 de outubro de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Três israelenses são mortos no dia mais violento na região em quatro anos; Sharon aprova ampla operação militar

Israel mata 28 palestinos na faixa de Gaza

Mohammed Salem/Reuters
Médico carrega menino ferido em ataque de Israel em Gaza


DA REDAÇÃO

No dia mais violento na faixa de Gaza desde o início da Intifada há quatro anos, 28 palestinos e três israelenses morreram em diferentes episódios. E os combates devem continuar nos próximos dias, já que, no início da noite, o gabinete de segurança do premiê de Israel, Ariel Sharon, aprovou uma operação militar de larga escala, sem prazo para terminar, com o objetivo de desarmar os grupos terroristas palestinos.
O Exército de Israel entrou com tanques e blindados no campo de refugiados de Jabalya, o maior da faixa de Gaza, com cerca de 110 mil habitantes, assinalando uma mudança de tática. Os israelenses sempre evitaram ações terrestres em áreas muito populosas, onde o risco para os soldados é maior.
A ação de ontem foi em represália à morte de duas crianças israelenses em Sderot (Israel) anteontem, no dia festivo judaico do Sukkot, por disparos de mísseis Qassam, de fabricação caseira, feitos pelo Hamas desde a faixa de Gaza. Já houve dezenas desses ataques na área e o objetivo de Israel é que esses mísseis não voltem a atingir israelenses.
Os soldados de Israel trocaram tiros com militantes mascarados que se posicionaram em partes mais altas do campo. No incidente mais violento, um tanque disparou contra uma escola da ONU perto do mercado de Jabalya, onde supostamente estaria um grupo de militantes. Sete palestinos morreram e 23 ficaram feridos -quatro deles com menos de 14 anos. Alguns deles tiveram os membros amputados.
Devido ao grande número de feridos, os médicos estavam atendendo em mesas de uma lanchonete. "Eu fui atingido e cai. Um homem que estava ao meu lado ficou sem cabeça", disse Ahmed Salem, 10, que ficou ferido.
O general Dan Harel, comandante israelense em Gaza, disse que a bomba tinha como alvo os militantes que haviam feito disparos contra um blindado momentos antes, ferindo três soldados. Segundo ele, as crianças estavam perto dos militantes. "Nós pedimos desculpas aos civis feridos", disse o general, acusando os militantes de utilizarem as crianças como escudos humanos.
Em outras operações no norte da faixa de Gaza, as forças israelenses mataram 21 palestinos, incluindo militantes e civis.
No início do dia, militantes palestinos mataram a tiros dois soldados israelenses e uma mulher que praticava jogging.
Os recentes episódios de violência podem elevar a oposição ao plano de Sharon de retirar os assentamentos judaicos da faixa de Gaza, pois o Hamas, com os disparos de mísseis, poderia dizer que Israel está sendo expulso -e não saindo por conta própria- da faixa de Gaza. Isso poderia incentivar os terroristas a incrementarem as suas ações na Cisjordânia e até mesmo em Israel.
Pela primeira vez em quatro anos, as forças de Israel chegaram perto do mercado do campo de Jabalya. Escavadeiras demoliram 22 casas em uma rua estreita que dá acesso ao centro de Jabalya para abrir caminho para tanques e blindados. Esses veículos evitaram a rua principal, na qual haveria muitas armadilhas.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, expressou preocupação com a escalada da violência. Anteontem, nove palestinos foram mortos em ação israelense.
O presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, disse que os líderes mundiais "devem agir imediatamente para evitar mais massacres".

Reformas
Pesquisa divulgada ontem por um instituto de pesquisa palestino indica que 93% dos palestinos na Cisjordânia e na faixa de Gaza defendem reformas na ANP.

Com agências internacionais


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