São Paulo, quarta-feira, 01 de outubro de 2008

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Morre líder do Taleban no Paquistão, diz TV

Canal cita fontes oficiais; morte de Baitullah Mehsud, negada pelo grupo radical, criaria vácuo de poder no foco da insurgência islâmica

Respondendo a críticas dos aliados, Islamabad substitui chefe de espionagem; há infiltração de radicais islâmicos no serviço secreto

DA REDAÇÃO

Canais de televisão paquistaneses e o americano CNN noticiaram ontem a morte do chefe do Taleban no Paquistão, Baitullah Mehsud. Diabético e hipertenso, Mehsud morreu de falência renal, segundo os relatos, atribuídos a fontes oficiais. Membros do grupo radical islâmico negaram que Mehsud esteja morto.
Ainda jovem -estima-se que tivesse 34 anos-, Baitullah tornou-se líder de seu clã, os Mehsud, e assumiu o comando da insurgência no Waziristão, região tribal paquistanesa próxima ao Afeganistão. Sua morte criaria um vácuo de poder no clã e acredita-se que seu eventual sucessor no comando do Taleban dificilmente teria o mesmo controle e influência na região tribal.
À frente do Taleban, Baitullah Mehsud liderou vários ataques terroristas na região fronteiriça e em grandes cidades do país. O governo o acusa de planejar o atentado que matou, em dezembro, a ex-premiê Benazir Bhutto.
Mehsud sempre negou envolvimento na morte de Benazir, então à frente do PPP (Partido do Povo Paquistanês), atualmente no governo. "Não atacamos mulheres", afirmou por meio de um porta-voz.

Inteligência
Ao escapar de um atentado anterior, em evento de campanha, Benazir acusara "dignitários do ex-ditador Mohammed Zia ul-Haq" (1977-88) infiltrados na ISI, poderosa agência de inteligência militar paquistanesa, de planejarem sua morte.
Um dos mais influentes serviços secretos do mundo, a ISI desenvolveu doutrina própria, nem sempre coerente com as políticas oficiais. A agência foi a eminência parda da derrota soviética no Afeganistão, recebendo apoio dos EUA para armar os combatentes jihadistas. Na época, sob Zia, o islã foi incorporado à doutrina da ISI.
Diplomatas e militares estrangeiros acusam agentes do ISI de permanecerem leais aos radicais islâmicos, boicotando esforços de combate. O país é o principal aliado regional da Casa Branca na guerra ao terror, mas a relação entre Washington e Islamabad está estremecida desde o fim da ditadura de Pervez Musharraf.
Criticado pela ineficiência no combate ao terrorismo, o Paquistão substituiu ontem o chefe do ISI. O general Ahmed Shuja Pasha, veterano em contra-insurgência nas áreas tribais, assumiu o comando da agência, substituindo Nadeem Taj, indicado por Musharraf.
A nomeação faz parte da estratégia para dar credibilidade à agência. Os espiões paquistaneses são freqüentemente acusados de agentes duplos.
"O general Pasha tem a combinação de experiências corretas para liderar o ISI", diz o general reformado Talat Masood.


Com o "Financial Times"


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