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COMPORTAMENTO
Eleitor é discreto e conservador
do enviado especial
Das cerca de 30 pessoas numa
fila para votar no centro de Montevidéu, pelo menos 20 parecem
ter mais de 60 anos. No país de
população mais velha da América
do Sul, os idosos são uma das
maiores forças eleitorais.
O clube social Espanõl fica na
avenida 18 de Julho, o corredor
comercial do centro. Com um
imenso espelho do chão ao teto,
piso de mármore e paredes com
motivo rococó, é uma moldura
adequada à fila de eleitores.
O conservadorismo uruguaio é
responsável por um dos sistemas
políticos mais antigos do mundo,
com partidos datando de 1836.
Mas até o sistema político uruguaio muda um dia, impulsionado pelos eleitores mais jovens. Segundo pesquisa do instituto Equipos/Mori, 47% dos eleitores de 18
a 29 anos votam pela coalizão de
esquerda Frente Ampla-Encontro Progressista, contra 37% que
preferem blancos ou colorados.
Entre os que têm mais de 60 anos,
o quadro se inverte (26% a 65%).
O médico Luis (não quis revelar
o sobrenome), 62, "acha" que votará na Frente Ampla. "Quero
mudanças", cochicha, revelando
a guinada para a esquerda.
Maristela Pereyra, 64, diz que
sempre votou colorado. "Podemos mudar com os colorados.
Não precisamos de políticos que
vêm de Cuba nos governar", diz,
falando da esquerda.
Enquanto o interior do país vota mais nos partidos tradicionais,
de origem caudilha, na capital,
governada por Vázquez de 90 a
95, a Frente Ampla domina.
Cerro Norte é um dos bairros
mais pobres de Montevidéu. A
criminalidade cresce e assusta os
moradores. A dureza da vida parece ter ensinado lições políticas.
"Todos os políticos são mentirosos. Votei em Tabaré. Talvez
também seja mentiroso, mas ainda não sabemos. O Cerro todo é
Tabaré", diz a dona-de-casa Beatriz Caurant, 49.
(SM)
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