São Paulo, sexta-feira, 01 de novembro de 2002

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EUA

Delegação estrangeira chega para acompanhar eleição no Estado; Bush inicia maratona de campanha

Russos e albaneses observarão pleito na Flórida

ANDREW GUMBEL
DO "THE INDEPENDENT"

A piada, durante as intermináveis recontagens da eleição presidencial na Flórida, há dois anos, era que a Rússia e a Albânia iriam mandar observadores para ajudar os americanos a transpor o inesperado obstáculo que ameaçava sua democracia. Agora a piada se tornou realidade.
Uma delegação de alto nível de observadores eleitorais europeus e norte-americanos, incluindo russos e albaneses, chegou anteontem à Flórida para acompanhar as eleições no Estado.
A missão da delegação internacional: descobrir se a mais poderosa democracia do planeta aprendeu algo durante os 36 dias que durou o impasse entre George W. Bush e Al Gore, em 2000. À época, o mundo todo examinou cada detalhe do problemático sistema eleitoral do Estado, mas, ao final, ninguém tinha certeza de quem tinha sido o vencedor.
Certamente, os russos e os albaneses conhecem bem eleições problemáticas, conturbadas ou fraudadas. Após receberem uma década de lições das democracias ocidentais sobre a reforma de seus próprios sistemas, eles aprenderam a lidar com a diversidade. Resta saber se a Flórida não é um osso duro demais -mesmo para eles. "Será uma boa experiência", afirmou Ilirjan Celibashi, que comanda o Comitê Central Eleitoral da Albânia.
Com um mandato da OSCE (Organização para Segurança e Cooperação na Europa), a delegação de observadores estrangeiros não ficará nas sessões eleitorais, o que talvez não seja uma boa idéia, visto que não faltaram problemas nesses locais nas últimas eleições realizadas no Estado.
Em vez disso, a delegação irá ter uma visão geral das leis eleitorais da Flórida e de como elas são aplicadas. Assim, poderão ter uma noção de como a prática americana não respeita padrões hoje considerados obrigatórios em democracias emergentes do Leste Europeu e de outras regiões.
Trata-se da primeira vez em que observadores estrangeiros visitam os EUA para acompanhar o processo eleitoral.
O Escritório para Instituições Democráticas e Direitos Humanos da OSCE defende, há muito tempo, que as democracias mais antigas e consolidadas melhorem seus padrões eleitorais.

Maratona
O presidente George W. Bush começou ontem uma maratona eleitoral que o levará a 16 Estados até as eleições legislativas da próxima terça-feira, cujos resultados deverão ser muito equilibrados.
"Se vocês crêem na paz, se vocês crêem nos valores que fazem de nosso país um dos melhores do mundo, vocês devem votar. Isso faz parte da vida num país livre", declarou Bush em Aberdeen (Dakota do Sul). Neste Estado, um dos principais adversários de Bush atualmente, o líder da maioria democrata no Senado, Tom Daschle, costuma obter a vitória.
Hoje Bush vai a Indiana e à Virgínia Ocidental para apoiar os candidatos republicanos a cadeiras na Câmara e no Senado.
"Exorto todos os cidadãos americanos -republicanos, democratas ou independentes- a não deixar de ir aos centros de votação", declarou Bush.
Essas eleições permitirão renovar um terço do Senado (34 das cem cadeiras) e toda a Câmara (435 cadeiras). Ademais, 36 dos 50 governos estaduais estarão em disputa na terça-feira.
A Câmara é controlada hoje pelos republicanos. Os democratas tinham uma cadeira de vantagem sobre os republicanos no Senado até a semana passada, quando o senador democrata Paul Wellstone morreu, deixando seu posto vago até a posse dos senadores que serão eleitos na terça-feira.


Com agências internacionais


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