São Paulo, sexta-feira, 01 de novembro de 2002

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RELATÓRIO

Human Rights Watch critica Arafat e extremistas

Atentados suicidas são "crimes contra a humanidade", diz ONG

DO "THE INDEPENDENT"

A organização defensora dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) divulga hoje relatório classificando os atentados suicidas palestinos de "crimes contra a humanidade" e "crimes de guerra". O documento pede que sejam julgados os responsáveis pelos ataques, incluindo a liderança política de grupos extremistas como o Hamas.
O grupo , sediado em Washington e crítico contumaz de Israel, diz não ter encontrado evidências capazes de sustentar as acusações do governo israelense de que o líder palestino Iasser Arafat e a sua Autoridade Nacional Palestina (ANP) tenham ordenado ações suicidas contra civis. Mas a HRW critica Arafat por inação.
Mais de 415 civis já morreram e mais de 2.000 ficaram feridos em atentados de terroristas palestinos desde o início da atual Intifada (levante contra a ocupação), em setembro de 2000. A maioria desses ataques foram suicidas.
Com longas entrevistas com as vítimas do terrorismo, o documento traça um quadro devastador do efeito causado pelas explosões. "Tudo explodiu", disse Daniel Turjeman, 26, ferido em atentado no café Moment, em Jerusalém, em março. "Senti que meu braço não estava conectado ao meu corpo. O amigo que estava comigo veio me procurar. Ele me perguntou o que tinha acontecido com o olho dele. Eu não queria contar que o olho dele estava pendurado para fora, preso apenas por alguns ligamentos."
A maioria dos atos suicidas são de autoria de quatro grupos: Hamas, Jihad Islâmico, Frente Popular pela Libertação da Palestina e Brigadas dos Mártires de Al Aqsa. Enquanto os primeiros três se opõem a Arafat, as Brigadas são ligadas ao Fatah de Arafat.
Julgamentos do passado por crimes contra a humanidade contra líderes políticos sempre dependeram da possibilidade de determinar a sua responsabilidade por meio de uma cadeia de comando direta. No caso de Arafat, diz o relatório, não há provas.
Após analisar documentos oferecidos por Israel, a HRW diz não ter achado evidências "de que Arafat e a ANP planejaram, ordenaram ou executaram atentados suicidas ou outros ataques contra civis". O grupo descobriu que dinheiro foi encaminhado a extremistas por altos funcionários da ANP, mas não achou provas de que Arafat soubesse a finalidade desses recursos.
O relatório argumenta, porém, que ao deixar de condenar publicamente atentados suicidas e outros ataques, Arafat fez com que esses atos se tornassem aceitáveis aos palestinos. A HRW o acusa de não ter feito o suficiente para prender os responsáveis pelos ataques e levá-los à Justiça.



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