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São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2003

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"Se a América Latina quer virar à esquerda, que assim seja", diz Powell

DA FRANCE PRESSE

Os EUA não têm objeções à recente eleição de mandatários esquerdistas, ou de aparente inclinação à esquerda, na América Latina, e rechaçam as alegações de que conspiram contra a Venezuela, declarou ontem o secretário de Estado Colin Powell à TV CNN en Español.
"Se o povo quer uma virada à esquerda, que assim seja. Talvez, em alguns países, deseje uma virada à direita. A beleza da democracia é que é preciso responder às necessidades do povo, não importa que o governo seja de esquerda, direita ou centro", disse Powell em referência a presidentes como Luiz Inácio Lula da Silva, o argentino Néstor Kirchner, o equatoriano Lucio Gutiérrez e o venezuelano Hugo Chávez.
"Combatemos ferrenhamente para que todos os nossos amigos neste hemisfério vivessem sob sistemas democráticos, e os sistemas democráticos produzem o resultado desejado: aquilo que o povo quer", disse o secretário.
Powell disse que, embora seu país perceba uma virada à esquerda na política latino-americana, está se "ajustando" a ela. "Trabalhamos com esses novos líderes, porque as metas são as mesmas: desenvolvimento econômico, ajudar o povo a sair da pobreza e deixar que saibam que os EUA são um bom parceiro para qualquer nação que tenha um governo eleito democraticamente".
Powell disse que é "absurda" a versão de que seu país busca desestabilizar a Venezuela usando a CIA e que nunca tentaria causar problemas a Chávez, "escolhido pelo povo venezuelano como seu presidente".
Ele se referia a denúncias feitas por deputados chavistas de que a CIA planeja ações terroristas na Venezuela, junto com os setores oposicionistas radicais.
"Prestar atenção a declarações como essas é completamente absurdo. Não estamos envolvidos em atividades como essas, não executamos atividades como essas", declarou Powell.
Ele acrescentou que "a Venezuela é um país democrático, elegeu um presidente" e que, embora haja proposta de um referendo para destitui-lo, "cabe ao povo venezuelano, não aos EUA, determinar quem será o presidente".
"Esperamos que o presidente Chávez e os líderes venezuelanos respeitem a decisão desse referendo e que este seja realizado de maneira pacífica, de maneira democrática, de acordo com a constituição venezuelana", disse.
Sobre as relações com o México, o vizinho latino-americano mais próximo dos EUA, Powell negou que as conversações em relação aos imigrantes tenham sido abandonadas depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.
[A situação] "exigiu que desacelerássemos esse projeto para entender melhor quem estava entrando em nosso país, quem ficava em nosso país, quem saía de nosso país", disse Powell.
Ele afirmou, porém, que "o ano que vem será um pouco difícil por ser um ano eleitoral para nós, e é mais difícil aprovar legislação em nosso Congresso". "Estamos avaliando algumas medidas que podemos tomar sobre a imigração, sem que sejam necessárias providências legislativas imediatas."


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