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"Se a América Latina quer virar à esquerda, que assim seja", diz Powell
DA FRANCE PRESSE
Os EUA não têm objeções à recente eleição de mandatários esquerdistas, ou de aparente inclinação à esquerda, na América Latina, e rechaçam as alegações de
que conspiram contra a Venezuela, declarou ontem o secretário de
Estado Colin Powell à TV CNN en
Español.
"Se o povo quer uma virada à
esquerda, que assim seja. Talvez,
em alguns países, deseje uma virada à direita. A beleza da democracia é que é preciso responder
às necessidades do povo, não importa que o governo seja de esquerda, direita ou centro", disse
Powell em referência a presidentes como Luiz Inácio Lula da Silva, o argentino Néstor Kirchner, o
equatoriano Lucio Gutiérrez e o
venezuelano Hugo Chávez.
"Combatemos ferrenhamente
para que todos os nossos amigos
neste hemisfério vivessem sob sistemas democráticos, e os sistemas
democráticos produzem o resultado desejado: aquilo que o povo
quer", disse o secretário.
Powell disse que, embora seu
país perceba uma virada à esquerda na política latino-americana,
está se "ajustando" a ela. "Trabalhamos com esses novos líderes,
porque as metas são as mesmas:
desenvolvimento econômico,
ajudar o povo a sair da pobreza e
deixar que saibam que os EUA
são um bom parceiro para qualquer nação que tenha um governo eleito democraticamente".
Powell disse que é "absurda" a
versão de que seu país busca desestabilizar a Venezuela usando a
CIA e que nunca tentaria causar
problemas a Chávez, "escolhido
pelo povo venezuelano como seu
presidente".
Ele se referia a denúncias feitas
por deputados chavistas de que a
CIA planeja ações terroristas na
Venezuela, junto com os setores
oposicionistas radicais.
"Prestar atenção a declarações
como essas é completamente absurdo. Não estamos envolvidos
em atividades como essas, não
executamos atividades como essas", declarou Powell.
Ele acrescentou que "a Venezuela é um país democrático, elegeu um presidente" e que, embora haja proposta de um referendo
para destitui-lo, "cabe ao povo venezuelano, não aos EUA, determinar quem será o presidente".
"Esperamos que o presidente
Chávez e os líderes venezuelanos
respeitem a decisão desse referendo e que este seja realizado de maneira pacífica, de maneira democrática, de acordo com a constituição venezuelana", disse.
Sobre as relações com o México,
o vizinho latino-americano mais
próximo dos EUA, Powell negou
que as conversações em relação
aos imigrantes tenham sido abandonadas depois dos atentados de
11 de setembro de 2001.
[A situação] "exigiu que desacelerássemos esse projeto para entender melhor quem estava entrando em nosso país, quem ficava em nosso país, quem saía de
nosso país", disse Powell.
Ele afirmou, porém, que "o ano
que vem será um pouco difícil por
ser um ano eleitoral para nós, e é
mais difícil aprovar legislação em
nosso Congresso". "Estamos avaliando algumas medidas que podemos tomar sobre a imigração,
sem que sejam necessárias providências legislativas imediatas."
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