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São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Após semana violenta, país teme "dia nacional de resistência" no fim de semana e cerca cidade de Saddam

EUA temem mais violência no Iraque

Karim Kadim/Associated Press
Iraquianos atiram pedras contra soldados americanos durante confronto em Abu Ghraib, subúrbio de Bagdá, a capital iraquiana


DA REDAÇÃO

Mais um soldado americano foi morto ontem no Iraque, dando sequência a uma das mais violentas semanas do pós-guerra, que matou mais de 40 pessoas.
Hoje faz seis meses desde que os EUA anunciaram o fim dos principais combates da guerra, em 1º de maio, com o país ainda incapaz de estabilizar o Iraque.
Os consulados dos EUA e da Austrália em Bagdá emitiram alertas de que os grupos que combatem a ocupação estariam preparando um "dia de resistência nacional" hoje ou amanhã, com uma nova onda de ataques.
Diante da incapacidade de conter os ataques, as tropas americanas de ocupação parecem estar começando a adotar táticas mais intrusivas de repressão.
Tropas americanas isolaram a aldeia de Uja, na região de Tikrit, terra natal do ex-ditador Saddam Hussein, e começaram a emitir documentos de identidade para os moradores para controlar quem pode entrar e sair do local, no chamado Triângulo Sunita, bastião do regime deposto.
Segundo a agência Associated Press, soldados dos EUA cercaram a aldeia na madrugada com arame farpado e ergueram barreiras nas saídas da cidade. Eles ordenaram que os adultos se registrassem para obter o documento.
Até agora, os EUA vêm tentando equilibrar a repressão aos insurgentes com certa liberdade aos moradores da região para não aumentar ainda mais a impopularidade da ocupação. Mas o fracasso em restaurar a ordem parece estar estimulando táticas mais duras.
Segundo o diário "The New York Times", membros do governo Bush admitiram que Saddam e ex-ministros estariam, de Tikrit, liderando a coordenação dos ataques. Os EUA antes diziam que Saddam estava fugindo, temendo ser preso, sem tempo para liderar os rebeldes. Os EUA oferecem US$ 25 milhões por informações que levem à sua captura.
O porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, reagindo à reportagem, disse: "Saddam está acossado. Não está mais no poder. Seu regime não está mais no poder. É uma questão de tempo até que seja levado à Justiça".

Violência
Um soldado americano foi morto num ataque a oeste de Bagdá ontem. Em outro incidente, tropas americanas abriram fogo contra combatentes iraquianos que lançavam morteiros num subúrbio da capital, disse o Exército.
A morte levou a 118 o número de soldados dos EUA mortos em ações hostis desde que Washington declarou o fim dos principais combates. Durante a guerra, em março e abril, 116 americanos foram mortos em combate.
Em Abu Ghraib, subúrbio de Bagdá, a violência começou após forças americanas e policiais iraquianos terem tentado retirar vendedores de verduras da rua, ferindo alguns iraquianos. Uma demonstração pró-Saddam reunindo milhares de pessoas se formou no lugar após as orações da sexta-feira (dia sagrado muçulmano), aumentando o confronto, segundo relatos de iraquianos.
De acordo com os americanos, a violência eclodiu após suas forças terem sofrido ataque de granada na região do mercado, ferindo dois soldados levemente.
Em Fallujah, também no Triângulo Sunita, iraquianos incendiaram a sede do governo local após a polícia iraquiana ter matado um homem. Dois carros da polícia também foram incendiados.
Questionamentos sobre a segurança no Iraque aumentaram nesta semana. No domingo, o hotel Rashid, que abriga forças americanas, foi atacado por mísseis enquanto Paul Wolfowitz, subsecretário da Defesa e um dos principais arquitetos da guerra, estava no local. Nos dias seguintes, ataques atingiram Bagdá e cidades a noroeste, no Triângulo Sunita, matando soldados dos EUA, policiais e civis iraquianos e trabalhadores de organizações estrangeiras, que retiraram a maioria de seus representantes do país.
O aumento dos ataques coincidiu com o início do Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos.
"Há uma possibilidade de mais ataques. O dia 1º ou 2 de novembro foi declarado dia de resistência nacional no Iraque", disse um porta-voz militar americano.

Com agências internacionais


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