São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2004

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Para analista, região não é prioritária

MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO

Independentemente de quem vença a eleição presidencial nos EUA, a América Latina provavelmente venha a continuar fora das prioridades da política externa americana, de acordo com David Samuels, cientista político da Universidade de Minnesota (EUA).
"[O presidente George W.] Bush só tem olhos para o Oriente Médio e para a guerra ao terror. Não sobra muito espaço para a América Latina", afirmou Samuels em videoconferência no Consulado dos EUA em São Paulo, na última sexta-feira, assistida pela reportagem da Folha.
Segundo ele, John Kerry não poderá ser muito diferente, pois o Oriente Médio, o terror e as armas de destruição em massa são mais importantes para os interesses nacionais americanos.
Samuels lembrou ainda que a América Latina está "praticamente ausente" da campanha eleitoral nacional. "Por razões óbvias, já que ambos os Estados têm grande população hispânica, as discussões sobre a América Latina se limitam à Flórida e ao Texas", afirmou o autor de "Ambition, Federalism and Legislative Politics in Brazil" (ambição, federalismo e política legislativa no Brasil).
Samuels salientou também que a fama de protecionista de Kerry não tende a traduzir-se em políticas do gênero. "Se se tornar presidente, Kerry deverá mudar seu discurso protecionista. Em 2000, Bush também falava em proteger empregos e a indústria dos EUA", analisou Samuels em bom português -com leve sotaque.
Quanto à Alca (Área de Livre Comércio das Américas), a situação também não deverá ser alterada. "Os EUA buscam isolar o Brasil, fazendo acordos bilaterais com vários países. Curiosamente, não me lembro de declarações de Kerry sobre a Alca."


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