São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Em Cuba, Lula revela torcida por vitória de Obama

"Seria um ganho extraordinário se a maior economia do mundo elegesse um negro", diz

Brasileiro diz que "mente silenciosa do mundo" pensa da mesma forma e compara possível triunfo às eleições de Chávez, Morales e Lugo

SIMONE IGLESIAS
ENVIADA ESPECIAL A CUBA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva explicitou ontem ao lado do dirigente máximo de Cuba, Raúl Castro, preferência pela vitória do democrata Barack Obama à Presidência dos Estados Unidos. A três dias da eleição americana, Lula disse que seria "um ganho extraordinário" se um negro fosse eleito.
Antes de retornar ao Brasil, o presidente teve encontro reservado com Fidel Castro, com quem falou por cerca de duas horas sobre a crise mundial.
"Da mesma forma que o Brasil elegeu um metalúrgico, a Bolívia, um índio, a Venezuela, o Chávez, e o Paraguai, um bispo, seria um ganho extraordinário se a maior economia do mundo elegesse um negro."
Segundo o presidente, no fundo, todo o mundo quer ver a vitória de Obama. "Esta é uma decisão do povo americano, mas no mundo inteiro há uma ponta de alegria, na mente silenciosa de cada um de nós, de ver um negro eleito presidente dos Estados Unidos."
Lula pediu que o próximo presidente americano acabe com o bloqueio econômico a Cuba, que considera inaceitável. "A única explicação para que o bloqueio ainda exista é a insensibilidade e insensatez, ou talvez exista ainda pelo ressentimento de um país grande perder para um país pequeno."
O presidente elogiou a aprovação pela ONU (Organização das Nações Unidas) do fim do bloqueio à ilha, mas considerou que a medida não representa "absolutamente nada".
"Já estamos habituados a ver decisões da ONU cumpridas apenas quando interessam aos grandes e não aos pequenos. De qualquer forma, essa posição pode ajudar de alguma forma pois, como dizemos no Brasil, água mole em pedra dura tanto bate até que fura", disse Lula.
Raúl Castro agradeceu o apoio ao fim do bloqueio e à ajuda do Brasil por enviar alimentos e medicamentos ao país e confirmou que viajará ao Brasil em dezembro para participar da Cúpula dos Países da América do Sul e do Caribe, na Costa do Sauípe.
Raúl levou o presidente brasileiro à sede da Defesa Civil para mostrar fotos dos estragos feitos pelos furacões Ike e Gustav. O cubano caminhou com Lula pelas ruas e mostrou uma das casas de Che Guevara. Os dois presidentes tiraram fotos no local e, em seguida, foram ao encontro de Fidel.
"Ele está com uma cabeça extraordinária e tão lúcido como sempre. Disse ao Fidel que quando cheguei para visitá-lo eu o achei abatido. Mas depois de meia hora de conversa parecia que eu estava doente, e ele bem", comentou Lula.
O presidente disse que concorda 100% com Fidel "que a responsabilidade maior [pela crise] é dos países ricos que têm que resolver uma crise que eles criaram".

A repórter SIMONE IGLESIAS viajou de El Salvador a Cuba em avião da FAB por falta de vôos comerciais disponíveis



Texto Anterior: Partidos enviam a Estados batalhões de advogados
Próximo Texto: EUA>>Por Contardo Calligaris: O voto mundial
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.