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Em Cuba, Lula revela torcida por vitória de Obama
"Seria um ganho extraordinário se a maior economia do mundo elegesse um negro", diz
Brasileiro diz que "mente silenciosa do mundo" pensa da mesma forma e compara possível triunfo às eleições de Chávez, Morales e Lugo
SIMONE IGLESIAS
ENVIADA ESPECIAL A CUBA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva explicitou ontem ao
lado do dirigente máximo de
Cuba, Raúl Castro, preferência
pela vitória do democrata Barack Obama à Presidência dos
Estados Unidos. A três dias da
eleição americana, Lula disse
que seria "um ganho extraordinário" se um negro fosse eleito.
Antes de retornar ao Brasil, o
presidente teve encontro reservado com Fidel Castro, com
quem falou por cerca de duas
horas sobre a crise mundial.
"Da mesma forma que o Brasil elegeu um metalúrgico, a
Bolívia, um índio, a Venezuela,
o Chávez, e o Paraguai, um bispo, seria um ganho extraordinário se a maior economia do
mundo elegesse um negro."
Segundo o presidente, no
fundo, todo o mundo quer ver a
vitória de Obama. "Esta é uma
decisão do povo americano,
mas no mundo inteiro há uma
ponta de alegria, na mente silenciosa de cada um de nós, de
ver um negro eleito presidente
dos Estados Unidos."
Lula pediu que o próximo
presidente americano acabe
com o bloqueio econômico a
Cuba, que considera inaceitável. "A única explicação para
que o bloqueio ainda exista é a
insensibilidade e insensatez, ou
talvez exista ainda pelo ressentimento de um país grande perder para um país pequeno."
O presidente elogiou a aprovação pela ONU (Organização
das Nações Unidas) do fim do
bloqueio à ilha, mas considerou
que a medida não representa
"absolutamente nada".
"Já estamos habituados a ver
decisões da ONU cumpridas
apenas quando interessam aos
grandes e não aos pequenos. De
qualquer forma, essa posição
pode ajudar de alguma forma
pois, como dizemos no Brasil,
água mole em pedra dura tanto
bate até que fura", disse Lula.
Raúl Castro agradeceu o
apoio ao fim do bloqueio e à
ajuda do Brasil por enviar alimentos e medicamentos ao
país e confirmou que viajará ao
Brasil em dezembro para participar da Cúpula dos Países da
América do Sul e do Caribe, na
Costa do Sauípe.
Raúl levou o presidente brasileiro à sede da Defesa Civil
para mostrar fotos dos estragos
feitos pelos furacões Ike e Gustav. O cubano caminhou com
Lula pelas ruas e mostrou uma
das casas de Che Guevara. Os
dois presidentes tiraram fotos
no local e, em seguida, foram ao
encontro de Fidel.
"Ele está com uma cabeça extraordinária e tão lúcido como
sempre. Disse ao Fidel que
quando cheguei para visitá-lo
eu o achei abatido. Mas depois
de meia hora de conversa parecia que eu estava doente, e ele
bem", comentou Lula.
O presidente disse que concorda 100% com Fidel "que a
responsabilidade maior [pela
crise] é dos países ricos que têm
que resolver uma crise que eles
criaram".
A repórter SIMONE IGLESIAS viajou de El Salvador a Cuba em avião da FAB por falta de vôos
comerciais disponíveis
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