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São Paulo, segunda-feira, 01 de dezembro de 2003

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DIREITOS HUMANOS

Suspeitos de terrorismo foram capturados no Afeganistão; Cruz Vermelha critica condição de prisioneiros

Governo dos EUA soltará 140 presos de Guantánamo

DA REDAÇÃO

Os EUA pretendem libertar até o fim do ano cerca de 140 prisioneiros de guerra mantidos na base militar de Guantánamo, informa a revista americana "Time".
Estão confinados há quase dois anos naquela base cerca de 600 pessoas de 42 nacionalidades. São supostos membros da milícia extremista Taleban, ou presumíveis integrantes da rede terrorista Al Qaeda. A manutenção dos prisioneiros isolados e em jaulas tem provocado reações da Cruz Vermelha e de entidades de direitos humanos.
Funcionário norte-americano citado pela "Time" disse que o Pentágono planeja libertar um quinto do contingente. São sobretudo pessoas entregues aos EUA por senhores da guerra afegãos em troca de recompensa financeiro, mas sem a comprovação de estivessem envolvidas com o terrorismo ou com o regime afegão.
Ontem, em Londres, o semanário "Sunday Observer" disse que os nove prisioneiros de nacionalidade britânica em Guantánamo serão libertados até o Natal. A existência desse grupo era um dos poucos pontos de tensão entre Londres e Washington.
Pelo acordo entre os dois governos, os prisioneiros cumprirão no Reino Unido penas a que possam ser condenados, ou serão libertados se não houver processo. É o caso de ao menos dois deles.
Há questões jurídicas delicadas, como o fato de um país não poder acatar as acusações formuladas por promotores da Justiça Militar de um outro país.
Esse princípio, que descomprometeria os britânicos, está entre os obstáculos que impediram o anúncio da libertação dos prisioneiros durante a recente visita a Londres do presidente Bush.
Stafford Smith, advogado de uma entidade de direitos humanos, declarou ao "Sunday Observer" que os EUA insistem para que, antes de serem libertados, os prisioneiros se declarem culpados. Isso garantiria, segundo ele, a impressão de que os militares norte-americanos não foram cúmplices por dois anos de uma imperdoável farsa judiciária.
Smith cita o caso de Kwbal, que morava no Reino Unido mas foi enviado por seus pais ao Afeganistão para que se casasse com uma mulher que lhe era desconhecida. Seria um casamento arranjado pelas famílias. Essa foi a forma pela qual o pai de Kwbal quis puni-lo porque ele cultivava hábitos ocidentalizados. Gostava, por exemplo, de vestir a camiseta do time Manchester United.
Ele desapareceu da região em que morava sua "noiva" e semanas depois soube-se que estava numa prisão afegã, justamente no momento em que militares norte-americanos ofereciam US$ 4.500 por cada estrangeiro que supostamente "estivesse combatendo ao lado do Taleban".


Com agências internacionais


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