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DIREITOS HUMANOS
Suspeitos de terrorismo foram capturados no Afeganistão; Cruz Vermelha critica condição de prisioneiros
Governo dos EUA soltará 140 presos de Guantánamo
DA REDAÇÃO
Os EUA pretendem libertar até
o fim do ano cerca de 140 prisioneiros de guerra mantidos na base militar de Guantánamo, informa a revista americana "Time".
Estão confinados há quase dois
anos naquela base cerca de 600
pessoas de 42 nacionalidades. São
supostos membros da milícia extremista Taleban, ou presumíveis
integrantes da rede terrorista Al
Qaeda. A manutenção dos prisioneiros isolados e em jaulas tem
provocado reações da Cruz Vermelha e de entidades de direitos
humanos.
Funcionário norte-americano
citado pela "Time" disse que o
Pentágono planeja libertar um
quinto do contingente. São sobretudo pessoas entregues aos EUA
por senhores da guerra afegãos
em troca de recompensa financeiro, mas sem a comprovação de estivessem envolvidas com o terrorismo ou com o regime afegão.
Ontem, em Londres, o semanário "Sunday Observer" disse que
os nove prisioneiros de nacionalidade britânica em Guantánamo
serão libertados até o Natal. A
existência desse grupo era um dos
poucos pontos de tensão entre
Londres e Washington.
Pelo acordo entre os dois governos, os prisioneiros cumprirão no
Reino Unido penas a que possam
ser condenados, ou serão libertados se não houver processo. É o
caso de ao menos dois deles.
Há questões jurídicas delicadas,
como o fato de um país não poder
acatar as acusações formuladas
por promotores da Justiça Militar
de um outro país.
Esse princípio, que descomprometeria os britânicos, está entre
os obstáculos que impediram o
anúncio da libertação dos prisioneiros durante a recente visita a
Londres do presidente Bush.
Stafford Smith, advogado de
uma entidade de direitos humanos, declarou ao "Sunday Observer" que os EUA insistem para
que, antes de serem libertados, os
prisioneiros se declarem culpados. Isso garantiria, segundo ele, a
impressão de que os militares
norte-americanos não foram
cúmplices por dois anos de uma
imperdoável farsa judiciária.
Smith cita o caso de Kwbal, que
morava no Reino Unido mas foi
enviado por seus pais ao Afeganistão para que se casasse com
uma mulher que lhe era desconhecida. Seria um casamento arranjado pelas famílias. Essa foi a
forma pela qual o pai de Kwbal
quis puni-lo porque ele cultivava
hábitos ocidentalizados. Gostava,
por exemplo, de vestir a camiseta
do time Manchester United.
Ele desapareceu da região em
que morava sua "noiva" e semanas depois soube-se que estava
numa prisão afegã, justamente no
momento em que militares norte-americanos ofereciam US$ 4.500
por cada estrangeiro que supostamente "estivesse combatendo ao
lado do Taleban".
Com agências internacionais
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