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"Deixo a prisão sem grandes ódios", afirma escritor libertado
DA REDAÇÃO
Considerado um dos maiores
poetas cubanos de sua geração,
Raúl Rivero começou a sua luta
contra o regime de Fidel Castro
após deixar a imprensa oficial, em
1988, e, até ser preso no ano passado, dedicava-se a denunciar a falta de liberdades civis na ilha.
Em 1995, Rivero fundou a agência de notícias independente Cuba Press. Seis anos depois, participou da criação da primeira associação de jornalistas independentes do país. Em fevereiro último, a
Unesco (Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) lhe concedeu o
prêmio Guillermo Caño de Liberdade de Imprensa.
Pouco depois de ser libertado
ontem, após 20 meses na prisão,
Rivero improvisou uma coletiva
de imprensa em seu apartamento,
em Havana, em que afirmou não
guardar ódio nem ter planos imediatos de sair do país. "Saio [da
prisão] sem fúria, não é uma posição beligerante, e sim construtiva.
Não tenho ódios ou, pelo menos,
não grandes ódios", disse.
Sobre a possibilidade de deixar
Cuba, o jornalista respondeu:
"Não tenho porquê sair, nunca
quis sair. Este é meu país".
Mas acrescentou: "O que não
posso é trabalhar permanentemente com a espada de Dâmocles
sobre a cabeça, podendo ser preso
outra vez, não somente por mim,
mas pela minha família. Quero seguir fazendo jornalismo".
"Se puder trabalhar com normalidade em meu país, poderia
permanecer aqui." Rivera disse,
porém, que vai "avaliar" sua situação e a de Cuba nos próximos
meses para decidir "se definitivamente tenho de ir a outro país".
Apesar de ter ganho liberdade
apenas condicional devido a sua
saúde debilitada, Rivero afirmou
não ter recebido indicações sobre
sua liberdade de movimento.
Questionado sobre as sanções
econômicas impostas sobre a ilha
e o embargo por parte dos EUA,
Rivero disse que "os gestos diplomáticos duros e as pressões severas nunca funcionam bem".
"Por isso foi inteligente a negociação dos políticos espanhóis
nos últimos meses. Foi mais útil
que as posições duras", afirmou.
Editoras na França e na Espanha devem publicar em breve o livro de poemas "Coração sem fúria", escrito por Rivera na prisão.
"Tenho muitos outros livros em
mente", disse o escritor, que afirmou estar preparando um texto
sobre seu período na prisão.
Com agências internacionais
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