São Paulo, terça-feira, 02 de março de 2004

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França e EUA se reaproximam durante a crise

DA REDAÇÃO

A destituição do presidente Jean-Bertrand Aristide e o envio de tropas para garantir a segurança interna do Haiti compõem um episódio pelo qual França e Estados Unidos, afastados pela Guerra do Iraque, selam um lento processo de reconciliação.
O governo francês mencionou ontem "a maneira exemplar de cooperação", referindo-se às consultas telefônicas feitas na semana passada entre os chefes das diplomacias dos dois países, Colin Powell e Dominique de Villepin.
A França declarara na última terça-feira que Aristide deveria deixar o poder. Os Estados Unidos afirmaram o mesmo na sexta-feira. A situação do então presidente tornou-se insustentável.
"Pode-se dizer que as decisões francesas com relação ao Haiti mostram o desejo de virar a página das desavenças com os EUA", disse Jean-Jacques Kourliandsky, do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas, de Paris.
A motivação dos dois países não foi a mesma. A França se preocupava com seus 2.000 cidadãos no pequeno país do Caribe, que até há 200 anos foi seu território colonial. Os Estados Unidos, por sua vez, temiam que o prolongamento da crise provocasse um fluxo de refugiados para a Flórida.
David Abraham, especialista em Haiti na Universidade de Miami, diz que o governo Bush procurou evitar uma onda maciça de refugiados haitianos, como a que ocorreu no início dos anos 90.
Militares norte-americanos chegaram a se preparar para alojar haitianos na base de Guantánamo, litoral de Cuba. A Marinha dos EUA ainda ontem reforçou o policiamento na região.
A Flórida tem como governador Jeb Bush, irmão do presidente. Os haitianos gerariam tensões e provocariam problemas eleitorais para o presidente, que em 2000 teve sua eleição decidida por uma margem reduzida de votos naquele Estado.


Com agências internacionais


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