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A FAVOR DA DECISÃO
"EUA saíram da lista da vergonha"
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
A decisão da Suprema Corte dos
EUA de pôr fim à aplicação da pena de morte a pessoas que cometeram crimes quando eram menores de idade é uma vitória para
os defensores dos direitos humanos e um ponto positivo para os
EUA na cena internacional.
A análise é de David Elliot, diretor de comunicação da Coalizão
Nacional para Abolir a Pena de
Morte, uma organização não-governamental sediada em Washington que luta pelo fim da pena
capital nos EUA desde 1976.
Leia a seguir trechos de sua entrevista, por telefone, à Folha.
Folha - O que o sr. pensa da decisão da Suprema Corte?
David Elliot - Trata-se de uma vitória e de um grande dia para nós.
A Suprema Corte disse que, com
base na percepção popular e nos
avanços da ciência, chegamos à
conclusão de que as crianças e os
jovens são diferentes dos adultos.
Sua natureza não permite que eles
sejam classificados de "os piores
dos piores", o que é necessário,
segundo alguns, para justificar a
aplicação da pena de morte.
Com essa decisão, 72 pessoas
sairão do corredor da morte, várias outras deixarão de correr o
risco de serem condenadas à
morte no futuro, e os EUA mostrarão à comunidade internacional que, no que se refere a essa
questão, estão dispostos a seguir
as tendências globais.
Folha - A reação internacional à
decisão é, portanto, importante
para os americanos?
Elliot - Os EUA estavam longe
do restante do planeta nessa área.
A lista dos países que executaram
delinqüentes juvenis nos últimos
15 anos mostra o quanto a presença dos EUA entre eles era deslocada. Entre outros, afinal, há nela a
República Democrática do Congo
[ex-Zaire], o Irã, o Paquistão, a
China e a Arábia Saudita. Era vergonhoso fazer parte dessa lista.
Folha - O sr. crê que essa decisão
judicial possa ajudar aqueles que
defendem a abolição total da pena
de morte nos EUA?
Elliot - Trata-se de um pequeno
passo nessa direção, pois ela faz
que as pessoas pensem no tema e
reflitam sobre suas implicações e
sobre quem são as pessoas que
são condenadas à morte.
Trata-se de um pequeno passo à
frente, mas ele é muito importante, pois essa vitória só virá em etapas. E essas etapas serão lentas. A
luta contra a pena de morte será
longa. Contudo não se deve perguntar se a pena capital será abolida nos EUA. A questão é saber
quando isso ocorrerá. Venceremos nossa luta cedo ou tarde.
Sabemos que, com o tempo e
com campanhas de conscientização, chegaremos a um ponto em
que a sociedade estará madura
para pôr fim à pena de morte.
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