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DIVERGÊNCIA
Pentágono susta indicação de equipe apontada pelo Departamento de Estado para o Iraque
Pós-guerra opõe Rumsfeld a Powell
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O Pentágono suspendeu a indicação de oito pessoas apontadas
pelo Departamento de Estado dos
EUA para participar do planejamento do Iraque no pós-guerra.
O secretário da Defesa, Donald
Rumsfeld, também está minando
os planos de seu colega Colin Powell, secretário de Estado, de colocar civis iraquianos e organizações internacionais como responsáveis pela ajuda humanitária ao Iraque durante o conflito.
Os dois episódios aprofundaram ainda mais a disputa de poder no núcleo do governo dos EUA, que começou ao ter prevalecido a vontade de Rumsfeld de
atacar o Iraque com uma força reduzida e sem o apoio das Nações
Unidas. Powell era claramente
contra as duas coisas.
Em documento enviado a
Rumsfeld há uma semana, Powell
foi assertivo ao pedir que a oposição iraquiana e ONGs cuidassem
da ajuda humanitária.
Argumentou que soldados seriam liberados para a guerra e que
a população iraquiana ficaria menos refratária à presença americana. Rumsfeld manteve as tropas
distribuindo água e comida.
Em mais uma demonstração de
que os militares querem manter o
controle inicial sobre o Iraque, foi
revelado ontem que o Pentágono
suspendeu, até segunda ordem, o
envio de oito pessoas escolhidas
por Powell que iriam ajudar o general reformado Jay Garner nos
planos para o pós-guerra.
Os oito, entre eles alguns embaixadores americanos em países
árabes, partiriam nesta semana
para o Kuait para começar a trabalhar com Garner -cujo nome
foi uma indicação de Rumsfeld.
Agora, especula-se que o Pentágono queira começar a enviar
mais pessoas ligadas à área militar
para junto de Garner. Um dos cotados é o ex-diretor da CIA (o serviço secreto norte-americano) James Woosley.
Woosley participa da mesma filosofia de ""ataques preventivos"
compartilhada por Rumsfeld e
pelo vice-presidente, Dick Cheney. Ele já foi acusado de prestar
consultoria a empresas que mantêm contratos bilionários com o
Pentágono, chefiado pelo seu
amigo Rumsfeld.
O secretário da Defesa vem sendo criticado por querer comandar
toda a operação de guerra e pós-guerra com um número restrito
de homens. Está hoje na região
um terço da força empregada na
Guerra do Golfo, em 1991.
Questionado sobre o andamento da guerra, o general reformado
John Nash, veterano da campanha de 1991, afirmou: "Estarei
mais otimista quando estiver vendo mais tropas no Iraque. Quando várias crianças mortas aparecem na TV, não podemos dizer
que seja uma campanha bem-sucedida".
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