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São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2003

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DIVERGÊNCIA

Pentágono susta indicação de equipe apontada pelo Departamento de Estado para o Iraque

Pós-guerra opõe Rumsfeld a Powell

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O Pentágono suspendeu a indicação de oito pessoas apontadas pelo Departamento de Estado dos EUA para participar do planejamento do Iraque no pós-guerra.
O secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, também está minando os planos de seu colega Colin Powell, secretário de Estado, de colocar civis iraquianos e organizações internacionais como responsáveis pela ajuda humanitária ao Iraque durante o conflito.
Os dois episódios aprofundaram ainda mais a disputa de poder no núcleo do governo dos EUA, que começou ao ter prevalecido a vontade de Rumsfeld de atacar o Iraque com uma força reduzida e sem o apoio das Nações Unidas. Powell era claramente contra as duas coisas.
Em documento enviado a Rumsfeld há uma semana, Powell foi assertivo ao pedir que a oposição iraquiana e ONGs cuidassem da ajuda humanitária.
Argumentou que soldados seriam liberados para a guerra e que a população iraquiana ficaria menos refratária à presença americana. Rumsfeld manteve as tropas distribuindo água e comida.
Em mais uma demonstração de que os militares querem manter o controle inicial sobre o Iraque, foi revelado ontem que o Pentágono suspendeu, até segunda ordem, o envio de oito pessoas escolhidas por Powell que iriam ajudar o general reformado Jay Garner nos planos para o pós-guerra.
Os oito, entre eles alguns embaixadores americanos em países árabes, partiriam nesta semana para o Kuait para começar a trabalhar com Garner -cujo nome foi uma indicação de Rumsfeld.
Agora, especula-se que o Pentágono queira começar a enviar mais pessoas ligadas à área militar para junto de Garner. Um dos cotados é o ex-diretor da CIA (o serviço secreto norte-americano) James Woosley.
Woosley participa da mesma filosofia de ""ataques preventivos" compartilhada por Rumsfeld e pelo vice-presidente, Dick Cheney. Ele já foi acusado de prestar consultoria a empresas que mantêm contratos bilionários com o Pentágono, chefiado pelo seu amigo Rumsfeld.
O secretário da Defesa vem sendo criticado por querer comandar toda a operação de guerra e pós-guerra com um número restrito de homens. Está hoje na região um terço da força empregada na Guerra do Golfo, em 1991.
Questionado sobre o andamento da guerra, o general reformado John Nash, veterano da campanha de 1991, afirmou: "Estarei mais otimista quando estiver vendo mais tropas no Iraque. Quando várias crianças mortas aparecem na TV, não podemos dizer que seja uma campanha bem-sucedida".


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