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Ataque afeta certezas sobre a insurgência
JOHN F. BURNS
DO "NEW YORK TIMES"
Horas depois da morte dos quatro civis americanos que foram
arrancados de seus carros e mutilados em Fallujah, um general
americano surgiu diante de repórteres em Bagdá com a calculada confiança que caracteriza todos os encontros diários com a
imprensa para informar sobre a
situação militar no Iraque.
"Apesar de um pequeno aumento nos incidentes locais, a
área global de operações permanece relativamente estável, sem
prejuízos para a capacidade da
coalizão de continuar efetuando
progressos na governabilidade,
desenvolvimento econômico e
restauração de serviços essenciais", disse o general Mark Kimmitt, porta-voz do comando militar americano.
Com quase um ano de insurgência, o comando militar, em
completa sincronia com a administração civil chefiada por Paul
Bremer, permanece inexoravelmente otimista.
Mas, junto com a confiança publicamente manifestada, há sinais
de que os generais americanos
não estão tão seguros quanto estavam há poucas semanas.
Tampouco as cenas de Fallujah
parecem se encaixar na teoria divulgada pelos militares americanos de que, ao contrário de simpatizantes de Saddam Hussein,
são militantes islâmicos, incluindo estrangeiros, que estão por trás
dos ataques terroristas.
Fallujah, que esteve relativamente calma nos últimos meses,
se tornou novamente um grande
campo de batalha. A cidade, localizada 50 km a oeste de Bagdá,
tem sido o centro do apoio ao ditador derrubado. A decisão de enviar membros da 1ª Força Expedicionária Marine para enfrentar
insurgentes que tomaram o controle de bairros inteiros foi uma
reversão da política de deixar a segurança da cidade nas mãos da
polícia iraquiana e de unidades de
defesa civis.
Um problema para os defensores da teoria de que terroristas islâmicos ligados à Al Qaeda são os
responsáveis pela insurgência é
que somente um pequeno número dos 12 mil detidos nos campos
de prisioneiros administrados pelos EUA no Iraque é de estrangeiros vindos de países muçulmanos. Autoridades americanas disseram que menos de 150 dos presos são de fora. Ocasionalmente, o
comando americano anuncia a
prisão de um suspeito de ser terrorista islâmico, mas há um bom
tempo tem ficado em silêncio a
respeito disso.
Na terça-feira, antes do ataque
em Fallujah, o general Kimmitt
pareceu recuar um pouco na linha de que os islâmicos são os
principais inimigos. Durante uma
entrevista coletiva, ele apresentou
uma análise da guerra na qual sugeriu que o que aconteceu na prática havia sido uma fusão dos insurgentes defensores de Saddam e
dos terroristas islâmicos em uma
única fonte de ameaça. De qualquer maneira, disse, "apenas os
chamamos de alvos".
Diversos iraquianos entrevistados anteontem, incluindo profissionais da classe média, comerciantes e ex-membros do Exército
de Saddam, sugeriram que os Estados Unidos podem estar enfrentando uma batalha na qual os
laços comuns do nacionalismo
iraquiano e da consciência árabe
transcenderam suas discordâncias para alimentar uma guerra de
resistência nacional que poderá
trazer desafios ainda maiores aos
americanos nos meses, talvez
anos, que estão à frente.
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