São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2004

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GUERRA AO TERROR

Presos pertenceriam ao DHKP-C, grupo extremista de esquerda turco sem ligação conhecida com terror islâmico

Megaoperação conjunta detém 53 na Europa

Mustafa Ozer - 1996/France Presse
Militantes do DHKP-C fazem protesto (Istambul), em foto de 96


DA REDAÇÃO

Uma operação conjunta realizada ontem por cinco países deteve 53 pessoas suspeitas de integrarem um grupo extremista de esquerda turco. Em uma ação independente, a Grécia também prendeu uma pessoa por suspeita de pertencer à Frente Revolucionária de Libertação Popular da Turquia (DHKP-C, na sigla turca).
Um porta-voz do Ministério do Interior turco informou que 37 pessoas foram detidas no país e outras 16 em ações na Itália, na Alemanha, na Bélgica e na Holanda, tendo como alvo supostos integrantes do DHKP-C. A Holanda confirmou a realização de operações, mas negou que tivesse efetuado prisões. A Alemanha não confirmou detenções.
O DHKP-C, também conhecido como Devrimci Sol (Esquerda Revolucionária) se opõe aos EUA, à Otan (aliança militar ocidental) e ao governo turco e assumiu a autoria de atentados a bomba na Turquia. O grupo não tem ligações conhecidas com grupos radicais islâmicos e é considerado de importância menor.
Promotores da cidade italiana de Perugia (centro do país) informaram a realização, durante a manhã, de uma operação contra o DHKP-C após 18 meses de investigação. Cinco pessoas foram presas na Itália -dois turcos e três italianos. Outras pessoas com pedido de prisão decretado pela Justiça italiana ainda não haviam sido localizadas ontem.
"Até onde sabemos, não há conexões com o terrorismo islâmico, mas estamos apenas no começo da investigação e temos muito o que aprender", disse o promotor Nicola Miriano, em entrevista coletiva.
A polícia italiana afirma ter gravado 56 mil horas de conversas telefônicas, que revelaram vínculos entre o grupo turco e militantes anticapitalistas.
A polícia belga informou que montou cinco operações separadas, mas não prendeu ninguém -apenas foram apreendidos materiais como computadores, celulares e documentos.
Na Alemanha, a polícia fez três operações de busca a pedido da Promotoria italiana, informou o promotor Johannes Mocken. Ele disse não saber se foram realizadas prisões.
Em uma ação independente da operação, um cidadão alemão de origem curda foi preso na Grécia sob suspeita de pertencer ao DHKP-C.
A União Européia, à qual a Turquia aspira se integrar, considera o DHKP-C uma organização terrorista.
O bloco tem intensificado as ações antiterror após atentados em Madri, em 11 de março, quando morreram 191 pessoas.
Alguns dos líderes do DHKP-C deixaram a Turquia em 1980 após um golpe militar. Acredita-se que a organização tenha centenas de simpatizantes em toda a Europa.

Com agências internacionais

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