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ÁFRICA
Brasil se abstém em votação do Conselho de Segurança da ONU; EUA obtêm garantia para proteger seus cidadãos
Corte mundial julgará acusados do Sudão
DA REDAÇÃO
O Conselho de Segurança da
ONU aprovou anteontem uma
resolução que determina que os
suspeitos de crimes de guerra na
região de Darfur, no Sudão, serão
julgados pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). O Brasil, que
integra o conselho atualmente, se
absteve.
A resolução dá início ao primeiro julgamento a ser realizado pelo
TPI, criado há dois anos. A votação realizada entre os 15 membros do CS na noite de anteontem
contou com 11 votos a favor da resolução, nenhum contra e quatro
abstenções.
Depois de acenar com o veto, os
EUA preferiram se abster. A administração de George W. Bush é
radicalmente contra o tribunal,
pois teme que seus cidadãos venham a ser alvo dele, mas ficaria
em situação delicada caso vetasse
uma resolução que pretende levar
à Justiça acusados do que o próprio governo americano qualificou como "genocídio". Os EUA
conseguiram garantias de que
cortes americanas -e não o
TPI- iriam, eventualmente, julgar americanos acusados de crimes no Sudão.
Richard Dicker, especialista em
TPI da Human Rights Watch,
qualificou a medida como "passo
histórico" que teve um "alto custo", referindo-se à exigência americana em troca da abstenção.
O Brasil decidiu não votar a favor da resolução por discordar da
garantia dada aos EUA. China e
Argélia também se abstiveram,
pois são contra cortes internacionais. O sim foi dado por Argentina, Benin, Dinamarca, França, Filipinas, Grécia, Japão, Reino Unido, Romênia, Rússia e Tanzânia.
Os promotores do TPI devem
dar início às investigações e apresentar relatório ao CS em junho.
Eles vão receber uma lista elaborada pela ONU com o nome de 51
suspeitos, entre eles ex-integrantes do governo, militares, líderes
da milícia Janjaweed e líderes rebeldes.
O Sudão disse ontem que é contra a decisão e afirmou que não
vai cooperar entregando seus cidadãos para serem julgados no
exterior. Por outro lado, dois grupos rebeldes comemoraram a resolução e prometeram enviar ao
tribunal qualquer membro que
venha a ser acusado.
O conflito na região, entre rebeldes de origem não-árabe e o governo muçulmano, já matou mais
de 70 mil pessoas -a maioria civis-, e é descrito pela ONU como a pior crise humanitária do
mundo. Cerca de 2,4 milhões estão em campos de refugiados.
Com agências internacionais
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