São Paulo, quinta, 2 de abril de 1998

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REVIRAVOLTA
Justiça diz que não há evidências suficientes para que o processo prossiga; advogados de Jones prometem recorrer
Arquivado caso Paula Jones contra Clinton

AP
Clinton observa treinamento de tropas do Senegal


ALESSANDRA BLANCO
de Nova York

A juíza Susan Webber Wright, de Little Rock, Arkansas (EUA), decidiu ontem arquivar o processo de assédio sexual que Paula Jones movia contra o presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton.
Segundo Wright, Jones não conseguiu mostrar evidências de que teria sido assediada por Clinton, em maio de 1991, em um hotel em Little Rock.
Jones, ex-funcionária pública de Arkansas quando Clinton era governador do Estado, diz que o agora presidente dos EUA a teria pressionado para que ela fizesse sexo oral. Ela teria recusado, e, por isso, sua carreira teria sido prejudicada.
Ontem, após a decisão da juíza, Jones se disse "chocada" e "extremamente desapontada". Seus advogados também disseram estar surpresos com a decisão e prometeram recorrer.
O porta-voz do presidente, Mike McCurry, afirmou ontem que Clinton recebeu a notícia com alívio na África. "Acabou", teria dito o presidente. Clinton, porém, disse que preferia conversar com seu advogado, Bob Bennett, para ter mais informações sobre a decisão e compartilhar da notícia com a primeira-dama, Hillary Clinton, antes de comentar a respeito.
Clinton teria afirmado ainda que "não haverá champanhe e nenhum tipo de comemoração, porque temos muito trabalho a fazer". Logo depois de receber a notícia, ele foi passear com Hillary.
"O presidente continua a viagem na África e está muito ocupado. Ele mostra uma disciplina extraordinária para continuar fazendo o que as pessoas que o elegeram duas vezes esperavam que ele fizesse, mesmo sendo perturbado por esses fatos", disse McCurry.
O advogado de Clinton disse ontem que a juíza Wright "tomou claramente a decisão certa, teve coragem e não se importou com a atmosfera política que a cercava".
Bennett reafirmou que Jones não apresentou fatos suficientes para comprovar o assédio sexual e que o caso "é nada mais do que uma teia de distorções".
A decisão referente ao caso Paula Jones, no entanto, não interfere em nada nas investigações do promotor Kenneth Starr sobre as acusações de que o presidente teria mantido relações sexuais com a ex-estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky e pedido a ela que mentisse a esse respeito à Justiça quando foi convocada para depor exatamente no caso Paula Jones.
De acordo com advogados que analisam o caso, a investigação por obstrução de Justiça que surgiu como consequência de uma outra investigação não é encerrada apenas porque o primeiro caso deixou de existir. Mas a decisão de hoje deve favorecer o presidente em um possível julgamento neste outro caso.



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