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IRAQUE OCUPADO
Raghd está em Amã com a irmã; EUA dizem que, se capturado, ex-ditador será julgado por iraquianos
Filha de Saddam diz que Bagdá caiu porque pai foi traído
DA REDAÇÃO
Por volta do meio-dia do dia 9
de abril, Saddam Hussein enviou
carros de sua força de segurança
para que suas filhas Raghd, 36, e
Rana, 34, deixassem Bagdá.
Acompanhadas pelos filhos e pela
cunhada, as duas se dirigiram para uma casa nas cercanias da capital, onde mais tarde encontrariam
sua irmã mais nova, Hala, e sua
mãe, Sajida. Horas depois, Bagdá
caiu, com soldados aterrorizados
abandonando seus postos.
A versão é de Raghd Hussein.
Para ela, a tomada da cidade pela
coalizão anglo-americana ocorreu porque seu pai foi traído.
"Aqueles em que meu pai depositou sua absoluta confiança e que
ele havia pensado estarem a seu
lado -conforme entendi pelos
jornais- o traíram", disse ela em
entrevista à TV árabe Al Arabiya.
"Eles traíram seu país antes de
traírem Saddam Hussein."
Raghd está na Jordânia, hospedada em um palácio em Amã com
a irmã Rana e os filhos desde anteontem. O rei Abdullah concedeu asilo às duas.
O paradeiro de Saddam, Sajida e
Hala é ignorado, mas suspeita-se
que os três estejam no Iraque.
Raghd também deu uma entrevista à CNN, ao lado de Rana,
quando disse que Saddam "era
um ótimo pai, amoroso, com um
grande coração". Sempre com a
voz embargada, a filha mais velha
de Saddam disse sentir saudade
do pai, com quem não teria mais
contato. "Que Deus o ajude."
Nas entrevistas, ambas se recusaram a falar sobre os 24 anos da
ditadura de Saddam. Mas Raghd
disse esperar que seus filhos "vivam longe da política". Seus irmãos Uday, 39, e Qusay, 37, e seu
sobrinho Mustafa, 14, foram mortos em uma operação militar
americana, em Mossul, em 22 de
julho. Seu marido e seu cunhado,
os generais Hussein e Saddam
Kamel, foram executados por ordem de seu pai, em 1996, sob acusação de traição. Sobre o assassinato dos Kamels, Rana disse que
as feridas são profundas".
Tribunal
Ontem, o Departamento de Estado americano anunciou que, se
capturado, o ex-ditador será julgado por iraquianos, no Iraque
-ainda que os EUA e outros países eventualmente participem do
processo. O Ministério da Justiça
iraquiano havia anunciado, em
maio, a intenção de promover o
julgamento no Iraque, mas não
decidira se seguiria as convenções
iraquianas ou americanas.
Segundo o porta-voz do departamento, Richard Boucher, "os
responsáveis por atrocidades
contra o povo iraquiano devem
ser levados a julgamento ante um
tribunal dirigido pelo Iraque",
mas outros países -inclusive os
da região- poderão contribuir
com especialistas jurídicos, financeiros ou mesmo juízes.
Saddam está desaparecido desde abril. Uma quinta fita de áudio
com uma voz atribuída a ele foi
apresentada pela TV Al Jazira. Na
mensagem, o discursador afirma
que "Deus garantirá a vitória" dos
iraquianos.
As gravações anteriores atribuídas ao ex-ditador não foram autenticadas, mas, em dois casos, a
CIA disse tratar-se "quase com
certeza" da voz de Saddam.
Sem divulgar nomes, os EUA
anunciaram a captura de dois assessores do ex-ditador em Tikrit,
cidade natal de Saddam, e disseram que o que seriam US$ 600
milhões em barras de ouro
apreendidas no país em maio
eram, na verdade, cobre.
Com agências internacionais
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