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Atentados suicidas e ameaças alastram medo no verão russo
STEVEN LEE MYERS
DO "NEW YORK TIMES", EM MOSCOU
A aldeia de Tolstopaltsevo, nos
bosques que cercam Moscou, é
um aglomerado humilde e decadente de casas de madeira, conhecidas como dachas, para onde os
russos fogem do tumulto urbano.
Hoje em dia, no entanto, a aldeia não serve como santuário
contra o medo que desceu como o
calor de verão sobre Moscou e
boa parte da Rússia.
"Todo mundo acredita que os
problemas estejam muito distantes, mas, na verdade, caminham
ao nosso lado", disse Olga Beskova, moscovita que passa os finais
de semana de verão em sua casa
de Tolstopaltsevo, cercada por
jardins e hortas.
No mês passado, dezenas de policiais e agentes de segurança tomaram conta de Tolstopaltsevo,
isolaram a aldeia por mais de 16
horas e localizaram um depósito
secreto de explosivos montados
na forma daquilo que funcionários do governo descreveram como cinco "cintos suicidas". Eles
estavam enterrados dentro de vasilhas plásticas, ao lado de uma
garagem e do outro lado da estreita estrada recoberta de cascalho
que leva à casa de Beskova.
Os funcionários dos serviços de
segurança disseram que a operação era um revés para os terroristas tchetchenos, e o ministro do
Interior, Bóris V. Grizlóv, alegou
que "pelo menos cinco atos terroristas" haviam sido impedidos.
Mas a operação pouco fez para
aliviar a ansiedade crescente entre
os russos agora que a longa e virulenta guerra na Tchetchênia está
se alastrando de maneiras novas e
perturbadoras para além das
fronteiras da república separatista
russa.
Desde a metade de maio, uma
série de atentados suicidas causou
a morte de cerca de 150 pessoas.
Os primeiros quatro ataques
aconteceram em território tchetcheno ou perto dele, mas, em julho, dois atingiram o coração da
capital.
Em Moscou, não se vê muitos
sinais externos de pânico, mas
houve reverberações, como uma
sensação de apreensão e suspeita.
O governo reforçou as patrulhas
e as verificações de documentos e
intensificou a vigilância nos lugares em que os moscovitas se congregam publicamente. Um festival de rock planejado para agosto
foi cancelado.
A imprensa vem estimulando
essa inquietação com histórias
grotescas sobre um esquadrão de
guerrilheiras suicidas, conhecidas
como "viúvas negras", que supostamente estariam planejando
uma série de ataques para vingar
as mortes de seus maridos ou outros parentes mortos por forças
federais russas na Tchetchênia.
Essas histórias se baseiam em
declarações de funcionários do
governo russo e na ameaça, supostamente feita pelo líder rebelde Shamil Basayev, de espalhar o
terror por toda a Rússia em uma
operação envolvendo pelo menos
36 atentados suicidas.
Uma mulher de meia idade apelidada de "Fátima Negra" teria supostamente treinado e organizado os terroristas suicidas de Tolstopaltsevo.
Mesmo antes dos atentados em
Moscou, Nikolai P. Patrushev, diretor do Serviço de Segurança Federal (ex-KGB), havia alertado
publicamente quanto ao extremo
perigo de atentados suicidas. Depois dos ataques, reconheceu ele,
de acordo com a agência de notícias Itar-Tass, o combate "está se
mostrando difícil".
Moscou experimentou ondas
de terror no passado. A guerra na
Tchetchênia começou em 1999,
depois de atentados a bomba contra dois edifícios de apartamentos
na capital. A culpa por esses ataques e por um atentado semelhante em Volgodonsk, uma cidade no sul da Rússia, foi imputada
aos insurgentes tchetchenos.
Em outubro do ano passado,
terroristas tchetchenos capturaram um teatro em Moscou e mantiveram mais de 700 reféns por 57
horas, antes que tropas especiais
invadissem o prédio. Pelo menos
41 terroristas e 129 dos reféns
morreram, a maior parte por efeito de um gás usado na tentativa de
resgate.
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