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ORIENTE MÉDIO
Monarca, internado havia 2 meses, estreitou relações com os EUA, e em seu reinado surgiu a Al Qaeda de Bin Laden
Rei saudita Fahd morre; Abdullah assume
DA REDAÇÃO
Após comandar durante 23 o
país líder mundial na comercialização de petróleo, morreu ontem
o rei saudita Fahd. O monarca, de
82 anos segundo informou seu site oficial, estava internado desde
27 de maio em Riad (capital), com
diagnóstico de pneumonia.
Um dos homens mais ricos e
poderosos do mundo, Fahd assumiu o trono em 1982 -auge da
alta do preço do petróleo- respaldado por sua reputação como
administrador e diplomata.
Durante seu reinado, inaugurou
período de estreitos laços entre a
Arábia Saudita e os Estados Unidos, que devem ser mantidos por
seu sucessor Abdullah Bin Abdul
Aziz, 81- príncipe herdeiro da
Arábia Saudita que, na prática, já
governava o país desde 1995,
quando Fahd sofreu um derrame.
A Casa Branca informou que o
presidente George W. Bush telefonou ao novo rei saudita para
oferecer suas condolências pela
morte do rei Fahd e para felicitá-lo por assumir o trono. Em uma
imagem que foi bastante debatida, Bush e Abdullah passearam de
mãos dadas durante visita do saudita ao rancho do americano no
Texas, em abril deste ano.
Bush declarou em um comunicado oficial ter se "entristecido
profundamente quando soube da
morte do rei Fahd" e ressaltou
que pretende "dar continuidade à
associação entre nossos dois países", prometendo manter a parceria estreita com Abdullah, a quem
se referiu como "meu amigo".
Para definir o rei Fahd, o presidente americano usou as expressões "figura histórica" e "forte
aliado dos EUA por décadas".
O ex-presidente Bill Clinton
também lamentou a morte do
monarca saudita, a quem descreveu como um governante visionário. "Foi um líder forte e com
visão, com quem tive uma boa relação", declarou, em nota, do seu
escritório em Nova York.
Estirpe real
O rei Fahd era um dos chamados Sete Sudairi, sete irmãos todos nascidos de Hussa bint Ahmad Sudairi, uma das mulheres
do rei Abdul-Aziz. Esses irmãos
assumiram influentes posições no
reinado de Fahd, ocupando ministérios como o do Interior e o da
Defesa, entre outros cargos.
Já Abdullah é filho de Fahda
bint Asi bin Shurayim Shammar,
outra mulher do rei Abdul-Aziz.
O fato de Fahd ter escolhido Abdullah como herdeiro esbarrou
na resistência dos irmãos Sudairi.
Existia entre eles e Abdullah uma
competição não-declarada.
Acredita-se que o rei Abud-Aziz
tenha tido cerca de 200 filhos. Enquanto seus filhos, como Fahd e
Abdullah, fizeram parte da geração da riqueza do petróleo, os netos deverão ser a geração da riqueza, da tecnologia e do contato
com o Ocidente -muitos foram
educados na Europa e nos EUA.
Heranças
Além da coroa, Abdullah herda
de seu irmão o desafio de enfrentar a Al Qaeda de Osama bin Laden. Surgido durante o reinado de
Fahd, o grupo terrorista há dois
anos conduz uma campanha violenta pela queda da família real
saudita, a quem a organização
acusa de proteger os infiéis.
Herda também a pressão por
reformas, principalmente no que
diz respeito aos direitos humanos, aspecto do reinado de Fahd
muito criticado por organizações
internacionais e por aliados.
"A pena de morte é um motivo
muito grande de preocupação, o
sistema judicial necessita de muitas reformas. Há várias leis e práticas discriminatórias contra as
mulheres", comentou à agência
France Presse a porta-voz da
Anistia Internacional Nicole
Choueiry.
Um observador do Oriente Médio ligado à organização defensora dos direitos humanos Human
Rights Watch afirmou à France
Presse que a instituição recebe
diariamente denúncias sobre violações, que vão desde maus-tratos
contra trabalhadores a detenções
sem motivo, tortura e execuções.
Com agências internacionais
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