São Paulo, terça-feira, 02 de agosto de 2005

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ORIENTE MÉDIO

Monarca, internado havia 2 meses, estreitou relações com os EUA, e em seu reinado surgiu a Al Qaeda de Bin Laden

Rei saudita Fahd morre; Abdullah assume

DA REDAÇÃO

Após comandar durante 23 o país líder mundial na comercialização de petróleo, morreu ontem o rei saudita Fahd. O monarca, de 82 anos segundo informou seu site oficial, estava internado desde 27 de maio em Riad (capital), com diagnóstico de pneumonia.
Um dos homens mais ricos e poderosos do mundo, Fahd assumiu o trono em 1982 -auge da alta do preço do petróleo- respaldado por sua reputação como administrador e diplomata.
Durante seu reinado, inaugurou período de estreitos laços entre a Arábia Saudita e os Estados Unidos, que devem ser mantidos por seu sucessor Abdullah Bin Abdul Aziz, 81- príncipe herdeiro da Arábia Saudita que, na prática, já governava o país desde 1995, quando Fahd sofreu um derrame.
A Casa Branca informou que o presidente George W. Bush telefonou ao novo rei saudita para oferecer suas condolências pela morte do rei Fahd e para felicitá-lo por assumir o trono. Em uma imagem que foi bastante debatida, Bush e Abdullah passearam de mãos dadas durante visita do saudita ao rancho do americano no Texas, em abril deste ano.
Bush declarou em um comunicado oficial ter se "entristecido profundamente quando soube da morte do rei Fahd" e ressaltou que pretende "dar continuidade à associação entre nossos dois países", prometendo manter a parceria estreita com Abdullah, a quem se referiu como "meu amigo".
Para definir o rei Fahd, o presidente americano usou as expressões "figura histórica" e "forte aliado dos EUA por décadas".
O ex-presidente Bill Clinton também lamentou a morte do monarca saudita, a quem descreveu como um governante visionário. "Foi um líder forte e com visão, com quem tive uma boa relação", declarou, em nota, do seu escritório em Nova York.

Estirpe real
O rei Fahd era um dos chamados Sete Sudairi, sete irmãos todos nascidos de Hussa bint Ahmad Sudairi, uma das mulheres do rei Abdul-Aziz. Esses irmãos assumiram influentes posições no reinado de Fahd, ocupando ministérios como o do Interior e o da Defesa, entre outros cargos.
Já Abdullah é filho de Fahda bint Asi bin Shurayim Shammar, outra mulher do rei Abdul-Aziz. O fato de Fahd ter escolhido Abdullah como herdeiro esbarrou na resistência dos irmãos Sudairi. Existia entre eles e Abdullah uma competição não-declarada.
Acredita-se que o rei Abud-Aziz tenha tido cerca de 200 filhos. Enquanto seus filhos, como Fahd e Abdullah, fizeram parte da geração da riqueza do petróleo, os netos deverão ser a geração da riqueza, da tecnologia e do contato com o Ocidente -muitos foram educados na Europa e nos EUA.

Heranças
Além da coroa, Abdullah herda de seu irmão o desafio de enfrentar a Al Qaeda de Osama bin Laden. Surgido durante o reinado de Fahd, o grupo terrorista há dois anos conduz uma campanha violenta pela queda da família real saudita, a quem a organização acusa de proteger os infiéis.
Herda também a pressão por reformas, principalmente no que diz respeito aos direitos humanos, aspecto do reinado de Fahd muito criticado por organizações internacionais e por aliados.
"A pena de morte é um motivo muito grande de preocupação, o sistema judicial necessita de muitas reformas. Há várias leis e práticas discriminatórias contra as mulheres", comentou à agência France Presse a porta-voz da Anistia Internacional Nicole Choueiry.
Um observador do Oriente Médio ligado à organização defensora dos direitos humanos Human Rights Watch afirmou à France Presse que a instituição recebe diariamente denúncias sobre violações, que vão desde maus-tratos contra trabalhadores a detenções sem motivo, tortura e execuções.


Com agências internacionais

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