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ELEIÇÃO NOS EUA
Discurso de Cheney ressalta a fama de indeciso do democrata, na véspera da participação de Bush na convenção
Republicanos tentam "demolir" Kerry
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
Na véspera do discurso de encerramento de George W. Bush, a
Convenção Nacional Republicana se concentrou ontem em tentar demolir o adversário do presidente, o candidato do Partido Democrata John Kerry.
Coube ao vice-presidente dos
EUA, Dick Cheney, desferir os
maiores ataques da atual campanha contra Kerry e preparar o terreno para a aparição final de Bush
hoje à noite. "As diferenças entre
o senador Kerry e o presidente
Bush são as mais agudas, e os riscos envolvidos na comparação
dessas visões, enormes", disse.
"Mesmo depois do 11 de Setembro, Kerry parece não entender
que o mundo mudou. Ele fala de
uma guerra mais "sensível" ao terror, como se a Al Qaeda fosse ficar
impressionada com o nosso lado
mais suave", afirmou.
"Nos anos 80, o senador Kerry
votou contra as iniciativas de defesa de Ronald Reagan que levaram à vitória na Guerra Fria. Nos
90, quando Saddam Hussein ocupou o Kuait, ele votou contra a
Operação Tempestade no Deserto. Um senador pode errar por 20
anos sem conseqüências para
uma nação, mas um presidente,
não", afirmou Cheney.
O vice-presidente atacou ainda
o histórico de 19 anos das votações de Kerry no Senado. "Suas
idas e vindas refletem o hábito da
indecisão e manda uma mensagem de confusão. O senador
Kerry diz ver duas Américas. Isso
torna a coisa recíproca, pois a
América vê dois Kerrys."
Na parte do discurso em que
não atacou Kerry, Cheney defendeu Bush e sua "liderança" na
guerra contra o terror. "Nosso inimigo quer a nossa destruição. Estamos em uma guerra em que não
há alternativa senão vencer. Firme na nossa vontade, focados em
nossa missão e liderados por um
comandante-em-chefe soberbo,
vamos vencer", afirmou.
Antes do discurso de Cheney,
Kerry também foi atacado na
convenção por um membro do
seu próprio partido, o senador
democrata Zell Miller. "Como vocês, eu me pergunto quem tem
hoje a visão, o poder e a melhor
postura para proteger minha família. Essa pergunta tem uma resposta clara e é por isso que estou
aqui esta noite", disse Miller, conhecido como "zig-zag Zell" dentro do partido por seu apoio contumaz aos republicanos.
Os republicanos avaliam que a
estratégia de carimbar Kerry como "vacilante e fraco" vem surtindo efeito. Com os ataques da
convenção, esperam agora abrir
uma diferença sobre o democrata
mantendo o discurso monolítico
de fazer dos EUA "um lugar mais
seguro e próspero".
Cheney discorreu ainda sobre
os "avanços" no Iraque, na economia e como os EUA são a "terra
das oportunidades".
Horas antes do discurso de Cheney, o Partido Democrata colocou
no ar em vários Estados um anúncio denunciado as relações entre
Cheney e a empresa Halliburton,
que obteve contratos de até US$
15 bilhões no Iraque, a maior parte sem concorrência.
Cheney presidiu a Halliburton
até 9 fevereiro de 2000. Ele recebeu US$ 20 milhões ao sair da empresa e outros US$ 2 milhões já na
vice-Presidência.
O comitê de Assuntos Governamentais do Senado, que fiscaliza
os contratos federais, tem uma investigação aberta contra Cheney,
que saiu da Halliburton com 433
mil ações que poderão ser convertidas em dólares em 2009.
Ontem à noite, Bush chegou a
Nova York, onde recebeu o apoio
de um grupo de bombeiros do
distrito de Queens.
Antes, cerca de 5.000 pessoas fizeram ontem uma fila simbólica
de desempregados, que percorreu
a ilha do Sul, em Wall Street, até o
centro de Manhattan, em protesto contra a política econômica de
Bush.
Colaborou Rafael Cariello
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