São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2004

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Campanha de Kerry entra em crise

DO ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

Com os holofotes dirigidos à Convenção Nacional Republicana que pode ajudar o presidente George W. Bush a ganhar vantagem nos próximos dias, a campanha do candidato democrata John Kerry entrou em crise.
Assessores diretos começam a ser substituídos, e Kerry foi instado a reagir a um movimento lento, mas contínuo, de perda de pontos nos últimos levantamentos de intenção de voto.
Ainda dentro da margem de erro, uma série de pesquisas eleitorais publicadas nos últimos dias mostra uma pequena vantagem de Bush sobre Kerry.
Além de manter a preferência geral e no tema segurança, Bush está agora avançando como melhor alternativa em áreas relacionadas ao dia-a-dia do eleitor, como economia, saúde e educação.
De forma inesperada, Kerry abandonou ontem um período de descanso em sua casa de praia em Massachusetts e fez um dos mais fortes ataques contra Bush desde o início da campanha.
"Agora o presidente Bush admite que calculou mal a Guerra do Iraque. Ele ignorou os conselhos dos melhores militares deste país. Nossas diferenças não podiam ser maiores", disse Kerry. "Não se trata do que eu teria feito de forma diferente no Iraque. Eu teria feito quase tudo diferente."
"Em uma entrevista há dois dias, Bush admitiu que pode não vencer a guerra ao terror. Eu discordo totalmente. Podemos e temos de vencer essa guerra", afirmou Kerry.
Anteontem, Bush já havia recuado de suas declarações sobre o assunto, dadas um dia antes.

Reforço e mais ataques
Ontem, dois ex-assessores do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) foram chamados para o comando da campanha de Kerry, que poderá anunciar mudanças inclusive na coordenação geral.
Vários membros da cúpula do partido avaliam que Kerry demorou a reagir a ataques pesados, feitos durante agosto inteiro, de um grupo de veteranos que vem criticando o passado do candidato como soldado no Vietnã.
Ontem, o mesmo grupo anti-Kerry anunciou o início de uma terceira série de anúncios, desta vez questionando o patriotismo do democrata, que voltou do Vietnã para se engajar em protestos contra a guerra, em 1971.
Bush nega estar por trás dos anúncios, mas um dos principais advogados de sua campanha pediu demissão há alguns dias depois de ter sido revelado que assessorava o grupo que patrocina os ataques a Kerry.
Parte dos US$ 2,8 milhões gastos nos anúncios foi financiada pelo texano Bob Terry, que também é um dos maiores contribuintes para esta e outras campanhas de Bush.
A oito semanas da eleição, o clima ontem no comitê democrata montado em Nova York para se contrapor à convenção republicana era de preocupação.
O presidente do Partido Democrata, Terry McAuliffe, anunciou um pacote de US$ 45 milhões em anúncios pró-Kerry que serão exibidos em 20 Estados até a eleição, em 2 de novembro. (FCz)


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