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Campanha de Kerry entra em crise
DO ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
Com os holofotes dirigidos à
Convenção Nacional Republicana que pode ajudar o presidente
George W. Bush a ganhar vantagem nos próximos dias, a campanha do candidato democrata
John Kerry entrou em crise.
Assessores diretos começam a
ser substituídos, e Kerry foi instado a reagir a um movimento lento, mas contínuo, de perda de
pontos nos últimos levantamentos de intenção de voto.
Ainda dentro da margem de erro, uma série de pesquisas eleitorais publicadas nos últimos dias
mostra uma pequena vantagem
de Bush sobre Kerry.
Além de manter a preferência
geral e no tema segurança, Bush
está agora avançando como melhor alternativa em áreas relacionadas ao dia-a-dia do eleitor, como economia, saúde e educação.
De forma inesperada, Kerry
abandonou ontem um período de
descanso em sua casa de praia em
Massachusetts e fez um dos mais
fortes ataques contra Bush desde
o início da campanha.
"Agora o presidente Bush admite que calculou mal a Guerra do
Iraque. Ele ignorou os conselhos
dos melhores militares deste país.
Nossas diferenças não podiam ser
maiores", disse Kerry. "Não se
trata do que eu teria feito de forma diferente no Iraque. Eu teria
feito quase tudo diferente."
"Em uma entrevista há dois
dias, Bush admitiu que pode não
vencer a guerra ao terror. Eu discordo totalmente. Podemos e temos de vencer essa guerra", afirmou Kerry.
Anteontem, Bush já havia recuado de suas declarações sobre o
assunto, dadas um dia antes.
Reforço e mais ataques
Ontem, dois ex-assessores do
ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) foram chamados para o comando da campanha de Kerry,
que poderá anunciar mudanças
inclusive na coordenação geral.
Vários membros da cúpula do
partido avaliam que Kerry demorou a reagir a ataques pesados, feitos durante agosto inteiro, de um
grupo de veteranos que vem criticando o passado do candidato como soldado no Vietnã.
Ontem, o mesmo grupo anti-Kerry anunciou o início de uma
terceira série de anúncios, desta
vez questionando o patriotismo
do democrata, que voltou do
Vietnã para se engajar em protestos contra a guerra, em 1971.
Bush nega estar por trás dos
anúncios, mas um dos principais
advogados de sua campanha pediu demissão há alguns dias depois de ter sido revelado que assessorava o grupo que patrocina
os ataques a Kerry.
Parte dos US$ 2,8 milhões gastos nos anúncios foi financiada
pelo texano Bob Terry, que também é um dos maiores contribuintes para esta e outras campanhas de Bush.
A oito semanas da eleição, o clima ontem no comitê democrata
montado em Nova York para se
contrapor à convenção republicana era de preocupação.
O presidente do Partido Democrata, Terry McAuliffe, anunciou
um pacote de US$ 45 milhões em
anúncios pró-Kerry que serão
exibidos em 20 Estados até a eleição, em 2 de novembro.
(FCz)
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