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INSPIRAÇÃO
Exposições e obras fazem críticas ao presidente em meio à convenção
Em silêncio, arte ataca Bush
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
Enquanto a polícia estende as
suas redes de "tolerância zero"
ao redor da molecada anarquista e barulhenta de Nova York,
outros protestos, silenciosos,
acontecem na cidade-sede da
Convenção Republicana.
O alvo de instalações e exposições em galerias de arte é o mesmo de sempre, o presidente
George W. Bush, e estão reunidos sob o guarda-chuva do Festival Imagine de Artes e Idéias.
O "Salão da Liberdade", no
SoHo, apresenta, entre suas 58
obras, um pequeno pôster de
Yoko Ono onde se lê, óbvio,
"Imagine Peace" (imagine a
paz), em letras pretas sobre um
fundo branco.
Há obras mais interessantes,
como a que, à maneira do artista
plástico brasileiro Leonilson, só
que com menos delicadeza, borda palavras sobre um pano verde e diz: "Lutando por mais diversão, não por menos dor".
E há as mais explícitas, como o
"Cartaz Amarelo", de Wayne
Gonzales, que, como uma propaganda de rua, anuncia: "Ao
vivo de Nova York, a Convenção Republicana", ilustrado
com uma das fotos da tortura na
prisão iraquiana de Abu Ghraib.
Outra obra apresenta uma reprodução integral do discurso
de 2004 do republicano ao Congresso, mas que ressalta letras
do texto para criar a seguinte
mensagem: "Dane-se o resto do
mundo, dane-se qualquer um
que discorda de mim, danem-se
todas as pessoas que não se parecem comigo, que não agem
como eu, que não pensam como
eu, danem-se eles todos. Que
Deus continue a abençoar a
América".
Numa praça asséptica próxima ao Distrito Financeiro, aparece um megafone gigante, a
serviço de quem quiser protestar. O aparelho funciona, mas
passa a maior parte do tempo
em silêncio por falta de manifestantes.
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