São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Paris pede ação em favor dos dois seqüestrados; nepaleses atacam mesquita após a morte de 12 reféns do país

França apela a árabes por jornalistas reféns

Gopal Chitrakar/Reuters
Manifestantes incendeiam mesquita em Katmandu após o assassinato de 12 nepaleses no Iraque


DA REDAÇÃO

A França fez ontem um apelo aos líderes árabes e muçulmanos do mundo para que intercedessem em favor dos dois jornalistas franceses seqüestrados no Iraque.
Os terroristas exigem que a França anule a lei que veta o uso do véu por muçulmanas nas escolas públicas do país. A norma passa a vigorar hoje, primeiro dia de aula na França após as férias.
Segundo a TV árabe Al Jazira, o prazo dado pelos seqüestradores acaba hoje -a data já foi prorrogada várias vezes.
O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, e o ditador líbio, Muammar Gaddafi, pediram que os seqüestradores libertassem os jornalistas. A França não tem soldados no Iraque e sempre se opôs à guerra no país.

Protestos no Nepal
Uma violenta manifestação contra muçulmanos, ontem, em Katmandu (capital do Nepal), provocou a morte de pelo menos duas pessoas e o incêndio de uma mesquita. O protesto era contra o assassinato de 12 nepaleses no Iraque, cometido pelo grupo terrorista Exército Ansar al Sunna.
Na mesquita atacada, foram queimados carpetes, a mobília e um exemplar do Alcorão. Gritos de "abaixo o islã" eram entoados.
Autoridades decretaram toque de recolher por tempo indeterminado. Um grupo que não respeitou a ordem foi alvejado no centro de Katmandu. Uma pessoa morreu.
Outro homem foi morto e três ficaram feridos quando a polícia disparou para dispersar uma multidão que tentava atacar a Embaixada do Egito, antes de o toque de recolher ser imposto.
A calma foi restaurada após a entrada em vigor do toque do recolher, ao redor das 14h locais. As ruas ficaram vazias. Antes disso, os escritórios de companhias aéreas de países árabes também foram apedrejados pela população.
O rei Gyanendra pediu que as pessoas das diferentes religiões não se envolvessem em atos violentos. O país já vive uma revolta maoísta.
Os 12 nepaleses mortos trabalhavam como cozinheiros e faxineiros de uma empresa jordaniana. Um deles foi degolado, e os demais levaram tiros na nuca.

Pagamento de resgate
Em outro episódio, sete caminhoneiros que estavam seqüestrados foram soltos após a companhia para a qual eles trabalham ter pago US$ 500 mil aos seqüestradores. Os caminhoneiros são um egípcio, três indianos e três quenianos, que trabalhavam para uma empresa kuaitiana.
Inicialmente falou-se que essa empresa havia concordado em sair do país, conforme exigiam os seqüestradores iraquianos. Porém, após negociações, os seqüestradores concordaram em libertar os estrangeiros mediante o pagamento do resgate.
O diretor-executivo da companhia, Said Dashti, disse que o grupo era criminoso e não tinha nenhuma ideologia política. O seqüestro de estrangeiros se tornou uma das principais armas dos insurgentes no Iraque.

Assembléia é aberta
A Assembléia Nacional Iraquiana, primeiro órgão legislativo do país após a queda do ex-ditador Saddam Hussein, se reuniu ontem pela primeira vez e foi alvo de um morteiro lançado por militantes iraquianos. A Assembléia terá de organizar as eleições nacionais previstas para janeiro de 2005, além de fiscalizar o governo.
Mais tarde, os EUA lançaram um ataque aéreo em Fallujah. Nove pessoas morreram na ação -três delas eram crianças.

Com agências internacionais


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