São Paulo, sexta-feira, 02 de setembro de 2005

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TERROR

Parentes de vítimas pedem "asilo" em "país democrático'; Putin diz que crianças morreram "nas mãos de terroristas"

Revolta marca 1 ano do massacre de Beslan

Sergei Karpukhin/Reuters
Uma parente de vítima da tragédia em Beslan se emociona na cerimônia de um ano das mortes


DA REDAÇÃO

Um ano depois da tragédia de Beslan, o sofrimento ecoou pela escola da cidade da Ossétia do Norte (Rússia) onde foram mortas 190 crianças mantidas como reféns, num total de 335 mortos.
Milhares de pessoas carregando cravos vermelhos tomaram a escola e seguiram para o cemitério de Beslan. Muitas acusaram o governo russo de mentir, ser incompetente e decepcioná-los. Em 3 de setembro de 2004, depois da invasão da escola dois dias antes por terroristas tchetchenos, foi ordenada a retomada dela, operação na qual ocorreu a tragédia.
Moradores de Beslan acusam ainda as autoridades de não investigarem o que ocorreu e de protegerem culpados. Dizem que os terroristas chegaram à cidade subornando policiais. Um grupo de parentes de vítimas exibiu uma petição, pedindo asilo "em algum país democrático onde os direitos humanos são respeitados".
A diretora do Comitê de Mães, Susanna Dudiyeva, disse que um grupo estará hoje em Moscou para um encontro com o presidente Vladimir Putin e que ele não era bem-vindo ontem em Beslan.
Outro alvo de protestos foi a ex-diretora da escola, que teve de ser levada embora quando tentou participar da cerimônia. Ela é acusada em Beslan de ter cooperado com os terroristas, o que nega.
Putin se pronunciou ontem em homenagem às vítimas de Beslan, mas também fez questão de transferir responsabilidades aos terroristas tchetchenos. "Vamos deixar de dizer palavras que talvez sejam corretas mas supérfluas e apenas ficar em silêncio por alguns segundos. Vamos nos lembrar das crianças, que morreram e sofreram nas mãos dos terroristas."
A polícia adotou medidas de segurança em Beslan para o dia das homenagens. A entrada na escola só foi permitida depois da passagem por detectores de metal.
Durante a cerimônia religiosa, alguns dos presentes colocaram velas e bichos de pelúcia perto das paredes. Do lado de fora da escola, foi possível acompanhar os cânticos por um sistema de som.
Muitas pessoas, comovidas, apertavam entre as mãos os retratos de vítimas que enfeitavam as paredes. Os espaços onde havia janelas também foram enfeitados com flores. No cemitério, onde há filas e filas de lápides com nomes, idades e fotos de crianças mortas na tragédia, mães se agarravam aos túmulos de filhos perdidos.
Homenagens com um minuto de silêncio foram realizadas em escolas por toda a Rússia.

Com agências internacionais

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