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Sobreviventes tentam agora voltar à escola
DA REDAÇÃO
A experiência inicial de Linda
Archegova, 8, na escola em Beslan
foi um pesadelo: três dias mantida
como refém, na companhia de
outras 1.300 pessoas.
Apesar disso e das cicatrizes que
ficaram em seu braço, costas e
pernas, ela tenta agora recomeçar
sua vida de estudante. "Eu quero
ir nadar na piscina", disse ontem,
exatamente um ano após seu primeiro dia de escola e o início da
ação dos terroristas.
Cerca de 190 dos colegas de Linda não escaparam como ela do fogo e do tiroteio que tomaram conta da escola dois dias depois, em 3
de setembro, quando as forças
russas tentaram libertar os reféns.
O pai de Linda também é um
dos 145 adultos que morreram na
tragédia de Beslan. Hoje, ela ainda
senta por horas para olhar fotos
dele, mas é um exemplo do que os
psicólogos que trabalham com as
crianças chamam de evolução.
"Ela costumava fazer esses desenhos, todos pretos. O Papai Noel
como um terrorista suicida. Você
perguntava o que ele usava em
volta da cintura, e ela dizia que
eram apenas explosivos", afirmou a mãe de Linda, Oksana Archegova. "Eu guardei os desenhos, eles estão aqui em algum lugar, mas agora ela desenha flores e
coisas normais."
Linda é uma das 17 crianças de
Beslan que não voltaram à escola
em 2004, após a tragédia, segundo
o Unicef, o fundo da ONU para a
infância. A maioria delas, como
Linda, estava celebrando o primeiro dia na escola quando foi
reunida pelos terroristas.
"Agora, houve uma evolução
definitiva. Algumas crianças se
recusaram a ir aos centros de reabilitação, mas, quando aceitam, a
melhora é nítida", afirmou Aida
Ailarova, diretora do programa
de recuperação social do Unicef
no norte da região do Cáucaso.
Muitas crianças, porém, ainda
estão aterrorizadas com a idéia de
voltar à escola. O ano letivo começou na última segunda-feira em
Beslan, com um adiamento de
quatro dias em relação à data de
início normalmente adotada, em
respeito às vítimas da tragédia.
"Eu não dormi na noite passada, levantei, liguei a televisão e só
fiquei lá sentada. Os meus sonhos
têm sido ruins", declarou Shalva
Khanikayev, 16, que fugiu da tragédia pulando por uma janela e
atravessando o tiroteio.
Alguns pais também têm dúvidas em deixar que seus filhos voltem à escola. "Eu estou assustada.
Não a levei na segunda-feira. Nós
vamos mais tarde, depois de ter
passado uma semana. Só quero
ver se está tudo certo", afirmou
Oksana, a mãe de Linda.
Comitê das mães
Outro comportamento forjado
na tragédia é o de Susanna Dudiyeva, 44, líder do Comitê das
Mães de Beslan. Após perder um
filho, virou uma ativista em busca
da verdade sobre o ocorrido.
A economista e ex-dona de restaurante terá hoje um encontro
com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusado por alguns
parentes de omissão e por outros
de incompetência. "Não estou assustada em me encontrar com ele.
É ele que deve estar assustado."
Com agências internacionais
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