São Paulo, Sábado, 02 de Outubro de 1999
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ACIDENTE

Reação nuclear pára naturalmente e proibição de circulação na área do acidente é suspensa

Contaminados chegam a 55 no Japão

das agências internacionais

O acidente nuclear de anteontem no Japão deixou 55 pessoas contaminadas por radiação, sendo 3 em estado grave. Segundo o governo japonês, o vazamento radioativo está sob controle.
Dos 55 contaminados, 45 são funcionários da usina de reprocessamento de urânio, 3 são bombeiros e 7 são empregados do campo de golfe perto da usina em Tokaimura, a 140 km de Tóquio.
O governo suspendeu a recomendação para que as pessoas que vivem em um raio de 10 km da usina não saíssem de casa. As que moram num raio de 350 m, cerca de 80 pessoas, estão abrigadas em outro local e só devem poder voltar hoje a suas casas.
O prefeito de Ibaraki, onde se localiza Tokaimura, Masaru Hashimoto, disse ter recebido a confirmação de que a reação nuclear havia parado às 18h15 (em Brasília) de anteontem.
Uma vez iniciada, ela só seria interrompida com o fim do material radioativo.
O porta-voz da Agência Internacional da Energia Atômica (AIEA), David Kyd, disse que o acidente em Tokaimura é o mais grave ocorrido desde a explosão de um reator em Tchernobil (Ucrânia), em 1986.
O acidente, o mais grave da história do Japão, teria sido causado por excesso de urânio no reprocessamento. Em vez de 2,3 kg, quantidade máxima recomendada, os três técnicos que presenciaram o acidente usaram 16 kg.
Reprocessamento de urânio serve para recuperar a parte do combustível nuclear usado na geração de eletricidade em usinas que não foi aproveitada.
"Sei que esse tipo de acidente era comum nos anos 50", disse o chefe do gabinete do governo, Hiromu Nonaka. "Para uma nação moderna, é uma vergonha que isso tenha acontecido."
Ao mesmo tempo em que avisa que há risco de que a água dos poços da região possa estar contaminada pela radiação, autoridades japonesas dizem que é seguro consumir a água da rede pública de abastecimento. Elas pediram aos moradores que lavem as roupas e os objetos que entraram em contato com a chuva que caiu sobre a região depois do acidente. Vegetais cultivados na área não devem ser consumidos.
Makoto Morita, diretor da JCO, empresa que controla a usina, admitiu que o acidente se deveu a falha humana. "Somos responsáveis pelo acidente, já que nossos empregados violaram as regras."
O presidente dos EUA, Bill Clinton, ordenou uma revisão de segurança em todas as instalações nucleares do país ontem
"Eu acredito que nós possamos aprender com o que aconteceu lá, analisar nosso sistema aqui e garantir que nós fizemos tudo o que podíamos para nos proteger."



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