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NO EXÍLIO
Zahir propõe que transição afegã se dê no âmbito de um grande conselho
Ex-rei defende tradição tribal
DA REDAÇÃO
Em uma vila no norte de Roma, Mohamad Zahir Shah, 86, o
ex-rei do Afeganistão, leva uma
reclusa vida em exílio. Em 1973,
foi obrigado a deixar seu país ao
ser derrubado por um golpe de
Estado, orquestrado por um
primo seu.
Mohamad Zahir Shah nasceu
em Cabul em 1914. Subiu ao trono aos 19 anos, quando seu pai
foi assassinado. Ele foi o último
governante da dinastia Durrani,
que durou 200 anos. Essa dinastia estabeleceu o controle da etnia pashtu sobre o Afeganistão e
expulsou os invasores britânicos do país.
Depois de 40 anos no poder,
foi derrubado por um golpe de
Estado em 1973, arquitetado por
um primo que desaprovava
seus esforços para abrir o Afeganistão ao Ocidente. O rei pretendia transformar o país em uma
monarquia constitucional, com
um Parlamento eleito.
Há tempos, Zahir vem promovendo uma campanha para
que uma tradicional assembléia
tribal, a Loya Jirga (grande conselho, em pashtu), seja convocada para eleger um novo líder e
escolher um governo de transição para o país.
A Loya Jirga é um procedimento usado há séculos no Afeganistão. Intelectuais e representantes de cada grupo étnico,
tribal e político se reúnem para
resolver conflitos ou tomar decisões importantes.
A mais recente convocação foi
há 38 anos, quando foi ratificada
uma nova Constituição, mas foi
em 1747 a última vez que a assembléia foi convocada para escolher um novo líder.
Herdeiros
Desde os ataques de 11 de setembro, o isolamento em que
vivia Zahir foi interrompido por
uma sucessão de visitas. Enviados de EUA, Itália, União Européia e ONU procuraram o rei
exilado para discutir o futuro de
seu país.
Apesar de nunca ter renunciado ao trono, acredita-se, devido
a sua idade avançada, que as
ambições de Zahir estejam voltadas aos seus descendentes.
Seu filho mais novo, Mirwais
Zahir, 43, um poeta que vive em
Alexandria, Virgínia (EUA), e
um neto, Mustafá, são vistos como as escolhas mais prováveis
para uma eventual volta da família ao poder. O rei exilado, entretanto, vem afirmando que
não deseja a volta da monarquia
ao Afeganistão.
Quase três décadas depois de
ter deixado o país, muitos afegãos ainda o reverenciam como
tendo sido um líder que trouxe
estabilidade e manteve paz durante seu governo. Seis anos depois de sua deposição, chegariam as tropas da ex-URSS.
Apesar disso, alguns diplomatas ocidentais acreditam que o
rei esteja debilitado demais para
voltar à política, especialmente
em um momento tão volátil.
Com agências internacionais
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