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Acesso da imprensa ao conflito será menor
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
O Pentágono informou a um
grupo de representantes da mídia
americana que cortará o acesso de
repórteres às operações de sua
força de elite. Além disso, fará
censura prévia de matérias e fotos
enviadas por jornalistas autorizados pelo governo a acompanhar
suas unidades militares durante
suas ações contra o terrorismo.
O anúncio foi feito na sexta-feira pela subsecretária de Defesa
Victória Clarke, durante reunião
entre militares e editores de agências de notícias, jornais e TVs.
A transcrição completa da conversa, considerada uma "piada"
por dois dos jornalistas presentes
ao encontro, foi colocada no site
do Pentágono no domingo.
A reunião fora convocada pelo
Pentágono para encontrar "formas consensuais" de equilibrar o
direito à informação e o segredo
militar. "Será uma guerra diferente de todas as que já vimos", disse
Clarke no início da conversa, que
durou pouco mais de duas horas.
"Não é o Vietnã, não é a 2ª Guerra
Mundial e não será a Guerra do
Golfo... Será uma guerra com ênfase nas forças especiais [as forças
de elite dos EUA", e será muito difícil cobrir suas atividades."
Clarke reconheceu que, para
proteger os militares e manter o
segredo sobre estratégias do Pentágono, o governo irá impor restrições ainda maiores que as da
Guerra do Golfo, em 1991.
Naquela ocasião, jornalistas que
viajaram ao golfo Pérsico dentro
do "pool" oficial do governo foram colocados em locais distantes
dos acontecimentos, dos quais era
impossível verificar o impacto da
guerra. Os únicos que conseguiram furar o bloqueio foram os
que decidiram permanecer em
Bagdá durante o bombardeio.
Num determinado momento
da conversa, um dos jornalistas,
cujo nome não foi divulgado pelo
Pentágono, questiona a real disposição do governo de mantê-los
informados. "Tenho a impressão
de que, enquanto ficamos sentados aqui nesta sala, esperando ter
uma idéia [de como cobrir a guerra", ela já estaria acontecendo..."
Clarke respondeu que o Pentágono está disposto a fazer todos
os esforços necessários para divulgar informações de interesse
público, mas repetiu as restrições
sobre as forças especiais: "Será
muito difícil fazer algo [divulgar
informações ou acompanhar as
operações" com relação às forças
especiais". Clarke prometeu que o
governo divulgará o número de
eventuais mortes de militares
americanos. No entanto disse que
não serão divulgados os nomes de
militares de elite mortos nem os
locais onde as batalhas ocorrerão.
Com relação à censura prévia de
matérias e fotos enviadas por jornalistas que formarem o "pool"
do Pentágono, a subsecretária informou que ela ocorrerá, mas será
limitada. "Provavelmente revisaremos [as matérias", mas apenas
em alguns aspectos sensíveis. Isso
decorre da segurança de nossos
soldados homens e mulheres."
O Pentágono revelou ainda sua
insatisfação com matéria publicada na sexta-feira pelo diário "USA
Today", segundo a qual forças de
elite já estariam operando dentro
do Afeganistão em busca do terrorista saudita Osama bin Laden.
Sem confirmar nem negar a reportagem, Clarke afirmou que
são os assuntos trazidos por matérias como essa que impedem os
militares de conversar abertamente com os jornalistas. "Publiquem o que quiserem, pois não
daremos uma única palavra sobre
operações militares."
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