São Paulo, quinta-feira, 02 de novembro de 2006

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Economia americana vai bem no papel, mas percepção do eleitor é diferente

Mark Wilson/France Presse
O Capitólio, sede do Congresso americano; as 435 cadeiras da Câmara e 33 das cem do Senado serão renovadas em 7 de novembro


ERIC LESER
DO "MONDE", EM NOVA YORK

A economia americana vai indo bastante bem -no papel.
É verdade que o crescimento vem diminuindo há seis meses e que o consumo tende a perder o fôlego, mas o índice de desemprego (4,6%) é o mais baixo dos últimos cinco anos, os preços dos combustíveis vêm caindo há três meses e, em Wall Street, o índice Dow Jones bate recordes.
Apesar disso, os republicanos parecem incapazes de fazer da conjuntura econômica um argumento a seu favor na campanha eleitoral. A percepção que a maior parte dos americanos tem da situação econômica não corresponde às estatísticas. De acordo com as sondagens, mais de 55% consideram que a conjuntura é medíocre ou ruim, enquanto 54% acham que ela está deteriorando. Isso se deve à estagnação do poder de compra, apesar do forte crescimento dos últimos três anos, e do aumento das desigualdades.
"Temos uma economia de duas marchas. Aqueles que mais lucraram com a retomada econômica e as grandes reduções de impostos efetuadas pela administração Bush já eram os mais favorecidos. As classes médias e os assalariados trabalham mais, hoje, apenas para manter seu poder de compra anterior", destaca a economista Diane Swonk, da Mesirow Financial.
Os republicanos também são vítimas do sentimento crescente de insegurança econômica, muito perceptível nos Estados da velha indústria nos quais a eleição de 7 de novembro será parcialmente decidida, como Pensilvânia, Ohio e Nova Jersey. A classe média -que se define por uma receita anual inferior a US$75 mil (59 mil euros) e grau de estudo secundário- "não se beneficiou verdadeiramente do crescimento advindo após a recessão de 2001", comenta a deputada democrata Carolyn Maloney.
Nos Estados em que a disputa eleitoral é mais acirrada, o Partido Republicano vem transmitindo mensagens publicitárias em que se gaba da criação de 6,6 milhões de empregos nos últimos três anos. "A população começa a nos ouvir. Se a economia está forte, é porque os republicanos criaram um clima favorável a isso", disse Bill Frist, líder da maioria republicana no Senado.
É uma mensagem que encontra dificuldade para ser ouvida, e mais ainda pelo fato de a economia americana encontrar-se em final de ciclo. A desaceleração é rápida. O crescimento passou de 5,6% no primeiro trimestre para 1,6% no terceiro -o nível mais baixo em três anos.

Tradução de CLARA ALLAIN

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