São Paulo, quinta-feira, 03 de fevereiro de 2011

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EUA recomendam transição "para ontem"

Casa Branca diz que momento de mudança política no Egito é agora, não em setembro, quando ocorre eleição

Chefe do Estado-Maior americano manifesta preocupação com a segurança do canal de Suez, rota de petróleo

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Em seu pronunciamento mais incisivo sobre a crise do Egito até o momento, a Casa Branca declarou que os egípcios precisam de uma mudança "para ontem".
"A mensagem que o presidente [dos EUA, Barack Obama] deu claramente ao presidente [egípcio, Hosni] Mubarak é que a hora para mudança chegou", afirmou o porta-voz Robert Gibbs.
De acordo com ele, mudança imediata significa "para ontem, e não para setembro", para quando está marcada a eleição no Egito.
Gibbs disse ainda que Mubarak tem agora a chance de mostrar ao mundo "exatamente quem ele é", fazendo a mudança que o país precisa. "Se alguma violência é promovida pelo governo, ela deve parar imediatamente."
A fala de Gibbs representa mais um passo na escalada pública dos EUA contra o regime de Mubarak.
Aliado estratégico do Egito, o país não se manifestou no início da crise. Aos poucos, recados contra a violência começaram a ser passados pela secretária de Estado, Hillary Clinton, e, finalmente, por Obama.
Agora, os EUA pedem claramente a saída do ditador.
O Egito é importante parceiro dos EUA e recebe anualmente US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 2,5 bilhões) de ajuda americana.
Obama, após falar com Mubarak por telefone anteontem, salientou a necessidade de mudanças políticas no país. "O que é claro, e que eu indiquei para o presidente Mubarak, é que o processo de transição deve ser ordenado, em direção à democracia, e deve começar agora", disse.
O primeiro ministro britânico, David Cameron, também pediu ontem que Mubarak inicie rápido processo de transição. Em encontro com membros da Câmara dos Comuns, ele disse que a mudança deve começar agora.
Já o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que foi criticado por apoiar o regime do ex-ditador da Tunísia Zine el Abidine Ben Ali, também se alinhou com os colegas que pedem a saída de Mubarak.
Sarkozy "reitera seu desejo de que se inicie sem demora um processo de transição", disse a Presidência.

SUEZ
O chefe do Estado-Maior conjunto dos EUA, Mike Mullen, mostrou preocupação com a segurança do canal de Suez em conversa com seu colega egípcio, Sami Anan.
Segundo o porta-voz de Mullen, John Kirby, ele ouviu relatos de Anan sobre a situação na região e expressou "confiança" na capacidade do Exército egípcio de manter a segurança no país.
Suez está em posição estratégica entre o norte da África e o Oriente Médio -por ali passa grande parte do petróleo que vai do golfo Pérsico para o Ocidente.
Também está na rota usada para abastecer as tropas dos EUA no Afeganistão.


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