São Paulo, quarta-feira, 03 de março de 2004 |
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IRAQUE OCUPADO Al Sistani afirma que forças de ocupação deveriam ter reforçado segurança para celebração religiosa Al Qaeda é suspeita; líder xiita critica EUA
DA REDAÇÃO O grau de planejamento dos atentados de ontem no Iraque e uma carta apreendida em janeiro na qual um suposto extremista islâmico pede ajuda para deflagrar uma guerra civil no país fazem da Al Qaeda a principal suspeita dos ataques na visão das autoridades iraquianas e americanas. Mas, para o principal líder xiita do país, os EUA, por não terem reforçado a segurança em um dos maiores eventos do calendário religioso dessa corrente islâmica, também têm sua parcela de culpa nos ataques de ontem. As leis internacionais responsabilizam a potência ocupante pela segurança do país ocupado. "Colocamos a responsabilidade nas forças ocupantes pela notória procrastinação em controlar as fronteiras iraquianas e por não fortalecer as forças nacionais iraquianas, sem fornecer-lhes o equipamento adequado para o trabalho", declarou o aiatolá Ali al Sistani em um comunicado. Os EUA dissolveram o Exército iraquiano após a guerra para formar uma nova força, ainda muito incipiente, com poucos recrutas e oficiais formados. O clérigo também exortou os iraquianos à união. "Pedimos a todos os nossos queridos filhos iraquianos que sejam mais vigilantes quanto às artimanhas do inimigo e que trabalhem unidos." A entrada de terroristas estrangeiros no país é apontada pelos EUA como um dos principais problemas desde o início da ocupação, em março passado. O comando americano acredita que pelas fronteiras passem militantes da rede terrorista Al Qaeda, a responsável pelo 11 de Setembro. Segundo os EUA, uma carta apreendida em janeiro pedia à rede ajuda para fomentar uma guerra civil, com a realização de ataques contra os xiitas. O texto foi atribuído a Abu Musab al Zarqawi, um militante jordaniano que estaria operando no Iraque acusado de ter ligações com a organização de Osama bin Laden. O missivista afirma ser responsável pela organização de cerca de 25 atentados no pós-guerra, o que fez de Al Zarqawi o maior suspeito de planejar o ataque. "Esse foi um ato de terrorismo óbvio e tragicamente muito bem organizado", disse o general Mark Kimmit, vice-chefe de operações do Exército americano. Um grande grau de organização dos ataques, inédita nos primeiros meses do pós-guerra, sua sincronicidade e a busca de alvos de grande valor simbólico são consideradas marcas da Al Qaeda e grupos vinculados a ela, como o iraquiano Ansar al Islam. Segundo Kimmit, um homem com explosivos amarrados ao corpo foi detido em Bagdá e "alguns suspeitos" foram presos em Karbala. Os detidos estão sob custódia da polícia iraquiana, que não divulgou detalhes. "Esperamos receber logo informações sobre sua nacionalidade e motivação", disse Kimmit. Com agências internacionais Texto Anterior: No caos, sobreviventes atacam americanos Próximo Texto: Comentário: País entra em período sinistro de sua história Índice |
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